BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) estão insatisfeitos com a atuação da presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, diante das sanções financeiras impostas pelo governo dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes.

A irritação começou após a dirigente sugerir aos integrantes do Supremo a abertura de contas em cooperativas de crédito como forma de se proteger de eventuais efeitos da Lei Magnitsky.

Os ministros recusaram a proposta, segundo dois integrantes do Supremo e um interlocutor. A negativa foi revelada pela colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo.

A dirigente do Banco do Brasil também ofereceu cartões com a bandeira brasileira Elo para ministros do Supremo que estão na mira das sanções do governo Donald Trump.

Foi a forma encontrada no banco de evitar punições dos Estados Unidos pelo possível uso de cartões de bandeiras americanas por ministros do STF sancionados.

Até agora, Moraes é o único integrante do Supremo incluído na lista dos alvos da Lei Magnitsky. Os cartões foram oferecidos também a outros ministros do tribunal diante dos relatos de que eles podem sofrer as mesmas sanções.

As críticas contra Tarciana têm sido repassadas por ministros do Supremo a integrantes do governo e do mercado financeiro. Há uma avaliação de que a dirigente tem demorado para definir um plano de ação em resposta à crise com os americanos.

Um ministro do STF criticou a atuação da presidente do BB comparando-a a uma enfermeira que não viu o sangue da crise provocada pelos ataques ao banco.

Diante da insatisfação, Tarciana passou a se movimentar num esforço para baixar a fervura. Ela entrou em contato com integrantes do Supremo nos últimos dois dias para esclarecer a posição do banco.

Em outra frente, a dirigente do BB enviou uma mensagem a pessoas próximas comunicando que as versões publicadas na imprensa não saíram de fontes oficiais da instituição financeira. Moraes, na mesma linha, disse a interlocutores na quinta-feira (21) que não possuía cartões do Banco do Brasil.

A mensagem foi enviada após a Folha de S.Paulo revelar que um banco havia bloqueado um cartão internacional de bandeira americana do ministro Alexandre de Moraes. Jornais passaram a reportar na quinta que a instituição seria o Banco do Brasil.

Sob forte ataque, o banco não poderia se manifestar para não incorrer em quebra de sigilo. “Por questões de sigilo bancário o Banco não comenta esse tipo de matéria. Temos segurança institucional para afirmar que estas ‘informações’ não saíram de fontes oficiais do BB”, disse Tarciana na mensagem obtida pela Folha de S.Paulo.

Ministros afastaram ao longo de dia a ideia de descontentamento com o desempenho de Tarciana, mas admitiam incômodo com a profusão de notícias desencontradas sobre o caso. Aliados do presidente lamentaram a ausência de esclarecimentos mais contundentes por parte da instituição, sendo esclarecidos sobre o risco de quebra de sigilo.

O episódio ocorre no momento em que a cadeira de Tarciana é alvo da cobiça de parlamentares do centrão, com apoio de ministros do governo Lula.

Mas a presidente do BB tem recebido apoio de outros integrantes do governo, segundo os quais Lula gosta de Tarciana e não estaria descontente com sua performance.

Tarciana Medeiros é formada em administração e entrou no Banco do Brasil em março de 2000. Funcionária de carreira da instituição financeira há 22 anos, ela atuou nas áreas de varejo, agências e superintendências. Em 2021, se tornou gerente executiva de experiência do cliente e soluções para pessoas físicas.

Ela tomou posse como presidente do BB em janeiro de 2023. Foi escolhida pelo presidente Lula (PT) ainda na transição de governo para o cargo. É a primeira mulher a comandar o banco estatal, criado em 1808.