RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Na semana em que União Brasil e Progressistas formaram uma federação poderosa para as próximas duas eleições, os presidentes das siglas fizeram duras críticas à política econômica do governo, e mostraram que devem dificultar a aprovação da agenda econômica de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Durante discurso nesta sexta-feira (22) em evento no Rio de Janeiro do Lide, grupo empresarial do ex-governador João Doria, Antonio Rueda, líder do União, culpou diretamente o presidente Lula pelos problemas econômicos do Brasil, embora tenha ressalvado que o papel da federação não é atacá-lo pessoalmente.
Para ele, o Orçamento público está distante da realidade, construído pelo governo em cima de uma ‘ficção contábil’. Rueda também afirmou que a equipe econômica não tem cuidado nem critérios com as contas públicas, buscando aumentar arrecadação como forma de mascarar o aumento de gastos e que a nova federação “vai ser contra qualquer aumento de tributo”.
“Enquanto o governo não cortar na carne, não se organizar, nós da federação não vamos abrir mão [de se colocar contra] essa sanha arrecadatória que o governo quer imputar ao empresariado brasileiro”, disse.
Rueda também defendeu a necessidade de uma reforma administrativa para enxugar a máquina pública.
O presidente do União também procurou ligar diretamente a crise diplomática com os Estados Unidos a Lula, dizendo que o presidente não tentou fazer uma ligação de telefone para Donald Trump para reverter a sobretaxa de 50% imposta a produtos brasileiros.
Em contraposição, disse que os estados e municípios serão os verdadeiros protagonistas de uma retomada do crescimento econômico do Brasil.
‘CRIATURA DAS CAVERNAS’
O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, discursou logo em seguida, com ataques diretos a Lula e sua equipe. Nogueira disse que o Brasil está vivendo do improviso, com um política fiscal sem responsabilidade e que desrespeita sua âncora fiscal.
O senador chamou atenção para o fato de o PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) prever superávit, enquanto todos os especialistas projetam déficit de 1% no próximo ano. “E aí vai vir mais uma vez o assalto ao bolso do contribuinte brasileiro, do empresariado, atrapalhando quem quer empreender, quem quer se desenvolver no nosso país”, afirmou.
Nogueira também atacou a política diplomática brasileira. Afirmou que, com os ataques constantes aos EUA, o Brasil está numa encruzilhada. E chamou Celso Amorim, atual assessor internacional de Lula, de “criatura das cavernas”, que “só pensa em atacar Israel e os EUA, como se fossem o atraso do mundo”.
O senador disse ainda que a política de ataque é errada, já que o Brasil é economicamente dependente dos EUA. “Se fala muito da China, mas a China é responsável somente por 3% dos investimentos no nosso país”, afirmou.
O senador reconheceu que o presidente está ganhando popularidade com o tarifaço, mas disse que essa crise está virando um sério problema para o país.
PESO DA FEDERAÇÃO
A federação União-PP terá que durar quatro anos e vai passar por duas eleições (2026, nacional, e 2028, municipal), com os dois partidos atuando juntos em todos os estados e municípios.
Por outro lado, os votos para a Câmara dos Deputados e assembleias legislativas serão somados, o que aumenta as chances de que façam bancadas maiores no Legislativo.
Além disso, a federação terá a maior parcela dos fundos partidário e eleitoral e o maior tempo de propaganda eleitoral na TV e rádio, o que a tornou um dos principais atores das eleições estaduais.
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A repórter viajou a convite do Lide