SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Antonio Roque Citadini quer “virar a página” no Corinthians e discorda que a torcida seja unânime ao pedir investigação de ex-dirigentes. Aposentado do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) desde a semana passada, o candidato à presidência do clube quer realizar uma redução de gastos radical no Timão.
A eleição para o mandato tampão, que irá até dezembro de 2026 no Parque São Jorge, será na próxima segunda-feira, com votos de 301 conselheiros.
CORINTHIANS NÃO PODE FAZER ‘ACERTO DE CONTAS ETERNO’
Em entrevista ao UOL, Citadini afirmou que o Corinthians não pode ficar em um “acerto de contas eterno” com antigas gestões.
Ele reconheceu que os erros do passado devem ser punidos, mas atribuiu a responsabilidade de punir ou absolver às autoridades citando o ex-presidente Augusto Melo, que virou réu no caso Vai de Bet.
Com uma vida política antiga dentro do clube, ele foi vice-presidente na gestão Dualib, de 2001 a 2004.
“Eu acho que o clube precisa virar a página, virar a chave. Nós não vamos ficar o resto da vida fazendo inquérito, apurando isso, denunciando isso, brigando com isso, mostrando recibo disso… Não, isso aí não é o essencial do clube. O clube tem que resolver os seus problemas e tocar a vida para frente. Quanto aos erros que tiverem aparecido, nós vamos corrigir. Esses processos estão quase todos judicializados. Então, o que nós podemos fazer é torcer para que seja rápido”.afirma Citadini à reportagem.
“O candidato minimizou a pressão por punições, argumentando que a demanda por denúncias vem principalmente de “blogueiros” e “influencers” da internet, que, segundo ele, buscam seguidores.
No último mês, diversas acusações de uso indevido de cartões corporativos e relatórios financeiros partiram de perfis em redes sociais.
Eu diria o seguinte, não é bem a torcida que espera isso. Quem espera isso é o pessoal da internet. Porque a internet, para você ter muitos seguidores, se você fizer permanentemente denúncias, denúncias, denúncias, acaba agregando muita gente. Eu diria que a expectativa é maior desses blogueiros, ‘influencers’ de internet”, diz Citadini.
CORTE DE GASTOS É CARRO-CHEFE
A principal proposta de Citadini para solucionar a crise financeira do Timão é o corte de gastos. Para ele, nos últimos 20 anos, o clube tem aumentado as despesas mais do que receitas, o que gerou um “grande buraco nas contas”.
Citadini entende que o Corinthians precisa manter o “mínimo de um time competitivo” e todos os departamentos funcionando, mas que sem economia não terá resultados.
Nós não temos outra alternativa a não ser gastar menos. O clube tem sistematicamente aumentado a sua receita. Espero que continue aumentando a receita, mas precisa cortar as despesas. Esse é o nosso drama. Diminuir o que gastamos para que o clube não continue nessa caminhada por uma situação de grave desequilíbrio nas finanças.Citadini
Além disso, Citadini não determinou uma estratégia exata para o transfer ban que o Corinthians enfrenta, porém disse que todas as soluções passam por uma nova administração financeira.
A questão do transfer ban é uma coisa ruim, atrasar o pagamento, mas isso aí está no contexto da crise que o clube vive. E isso aí só vai se fazer se o clube economizar de forma que ele equilibre a receita e a despesa. A nossa mudança não se dará por opção fazer ou não fazer. Ou fazemos ou vamos pro buraco. Não há outra alternativa.Citadini
ALTERNATIVA À ‘IMOBILISMO’ DE STABILE
Por fim, Roque Citadini se apresentou como uma alternativa ao “imobilismo” de Osmar Stabile, interino do Corinthians, como ele mesmo citou.
O candidato relembrou a experiência como ex-vice de futebol do clube e afirmou que sua disponibilidade para se dedicar integralmente à presidência, sem dividir tempo com outras atividades, são diferenciais.
“Eu achava que a gestão do Osmar deveria sinalizar as mudanças que o clube tinha que ter. Ele preferiu não, ele preferiu fazer um negócio de continuismo, meio imobilista, e esse é o meu medo. Se nós seguimos nesse caminho do imobilismo, nós vamos bater feio lá na frente. Ele poderia ter tomado medidas indicando uma mudança de rota. Não, ele não fez isso e isso daí eu acho que foi um erro”, diz Citadini.