SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Governo Trump estraga os esforços da Nvidia para emplacar na China, UE sai na pindaíba de acordo com os EUA e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (22).

**NVIDIA? LONGE DAQUI**

Nem todo mundo anda empolgado com o progresso fenomenal da Nvidia.

RÁ, RÉ, RI, RÓ, RUA

Uma ação conjunta de três órgãos do governo da China quer convencer empresas de tecnologia do país a não comprar mais o chip H20 da fabricante especializada em inteligência artificial.

Pouco antes, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse que o produto está longe de ser “top de linha”.

“Não vendemos a eles nossos melhores produtos, nem os segundos melhores, nem mesmo os terceiros melhores”, disse o líder em entrevista à CNBC em 15 de julho.

🇨🇳 Pequim não quer mais a raspa do tacho. Órgãos públicos agiram em resposta aos comentários feitos por Lutnick, segundo fontes ouvidas pelo Financial Times.

Parte dos líderes da China no setor consideraram os comentários ofensivos, o que resultou na busca por maneiras de restringir grupos tecnológicos chineses de comprar os processadores.

DEU CERTO?

Algumas empresas chinesas suspenderam ou reduziram bastante os pedidos de H20, conforme fontes ouvidas pelo jornal britânico. Ao mesmo tempo, Pequim incentiva a compra de produtos de empresas domésticas, como Huawei e Cambricon.

BOMBA NA ÁGUA

Com uma entrevista, o secretário americano conseguiu minar os esforços que o CEO da Nvidia, Jensen Huang, vem fazendo há muito tempo.

Ele viajou para a China algumas vezes neste ano —até faltou à posse de Donald Trump por estar lᗠna tentativa de construir relações com os chineses, que representam um mercado consumidor em efervescência para tecnologia de inteligência artificial.

Huang ainda esteve à frente de negociações com o governo americano para permitir a exportação de chips sem grandes restrições para o país rival. Ele não deve estar feliz com as notícias.

**CEDE MAIS QUE TÁ POUCO**

Os Estados Unidos fecharam ontem um acordo comercial com a União Europeia com mais concessões do que o previsto inicialmente.

AS PREVISÕES

O novo tratado manteve a tarifa de 15% dos EUA sobre a maioria das importações da UE, incluindo automóveis, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira —as principais exportações europeias para os americanos.

Ou seja, não houve piedade por parte de Trump além da já anunciada redução da tarifa, de 30% para 15%.

Os EUA disseram que tomarão medidas para reduzir as atuais tarifas de 27,5% sobre carros e peças automotivas. E só.

Sim, mas… os europeus tiveram que exercitar a benevolência para conseguir um tratado. A UE promete no acordo:

– Eliminar as tarifas sobre todos os produtos industriais dos EUA;

– Fornecer acesso preferencial ao mercado para uma ampla gama de frutos do mar e produtos agrícolas norte-americanos;

– Comprar US$ 750 bilhões (R$ 4 trilhões) em GNL (Gás Natural Liquefeito), petróleo e produtos de energia nuclear;

– Garantis mais US$ 40 bilhões adicionais (R$ 191 bilhões) para adiquirir chips de inteligência artificial fabricados nos EUA;

– Manter a intenção de que empresas da UE invistam mais US$ 600 bilhões em setores estratégicos dos EUA até 2028.

E mais: o bloco europeu não conseguiu obter exceções tarifárias para o vinho, o que era um dos objetivos de países como França e Itália nas negociações.

Os americanos estão entre os principais compradores da bebida europeia.

“Imensa decepção” é como a Federação de Exportadores de Vinhos da França reagiu à notícia. “Poderia ser pior, mas ainda é ruim”.

Mudanças no horizonte? É possível. Bruxelas e Washington declararam conjuntamente que o acordo pode ser expandido ao longo do tempo para cobrir outras áreas e melhorar o acesso aos mercados —melhorar para quem? É a pergunta mais importante.

**CLIENTELA MIMADA**

Na corrida por clientes com alto poder aquisitivo, os bancos estão apostando cada vez mais em mimos. Ao fazer isso, as instituições financeiras fidelizam seus clientes pelo ego ou discriminam a população geral em espaços públicos?

🧺 O Inter… é mais um banco a entrar na tendência de materializar no cotidiano os benefícios para os correntistas. Ele abriu na terça-feira um café no parque Ibirapuera com “comidas funcionais”, como vitaminas com adição de whey e creatina.

Diferentemente do que os concorrentes fizeram, a iniciativa do Inter não é reservada a clientes. Não dá para saber se a ideia sempre foi essa ou se o banco incluiu todo mundo depois que os colegas se deram mal.

COMO ASSIM?

Em novembro do ano passado, o Nubank inaugurou um espaço VIP também no parque Ibirapuera para clientes Ultravioleta —aqueles que gastam acima de R$ 5 mil por mês no cartão de crédito ou que possuem R$ 50 mil guardados ou investidos lá.

O espaço tem vestiários, duchas privativas, toalhas e itens de higiene. Há também armários inteligentes, lanches, bebidas, cafés e wifi sem custo, além de estações de trabalho e tomadas

FIM DE UM SONHO

Em fevereiro, a prefeitura da capital paulista mandou fechar a Casa Ultravioleta, afirmando que o espaço discrimina frequentadores do parque. O banco conseguiu salvar o espaço passando a cobrar R$ 150 para o uso do público geral.

O Ministério Público considerou o valor abusivo e oficiou o Nubank.

Casa Ultravioleta, espaço para clientes VIP do Nubank no parque Ibirapuera – Foto: Divulgação Nubank

✈️ O paraíso… da exclusividade são os aeroportos. Quanto mais salas VIP acessíveis à classe média abrem por lá, mais inacessíveis ficam as salas premium.

Um exemplo é o Terminal BTG Pactual, que oferece transporte particular até o avião, salas para reuniões e restaurante à la carte com menu assinado pelo chef Ivan Ralston, do Tuju. Qualquer um pode usar o espaço por três horas pagando R$ 3.452,80.

**PARA LER**

“Coisa de rico: A vida dos endinheirados brasileiros”

Michael Alcoforado. Todavia. 240 páginas.

O que significa “ser rico” para você? É poder comprar o carro do ano? Ter uma casa de veraneio no litoral? Não ter que se preocupar em deixar algum patrimônio para os filhos?

Neste livro, o antropólogo Michel Alcoforado mergulha no mundo dos 1% mais ricos —e dos 0,1%, 0,01% e 0,001% mais ricos também— para mostrar qual é a noção que eles têm de dinheiro. E, pasme: a maioria não se considera endinheirado.

Não existe critério absoluto para definir riqueza no Brasil e, por isso, sempre haverá alguém com mais grana, mais pompa, mais posses… alguém com quem se comparar.

Os personagens que ele entrevista são diferentes entre si: um casal emergente da Barra da Tijuca que vai a Miami comprar roupas de grife, a herdeira de uma família tradicional que leva uma vida longe dos holofotes na Suíça, o embaixador carioca inconformado que o Itamaraty não é mais o mesmo desde o aumento de vagas para a carreira diplomática.

Em comum entre todos, há a noção de que não é a quantidade de dinheiro que define o lugar que ocupam na pirâmide, e sim os códigos que dominam para fazer parte da alta sociedade.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Quer morar no Japão? A cidade japonesa de Hamamatsu está apostando em imigrantes para fortalecer a economia local, à medida que trabalhadores locais são atraídos para a capital, Tóquio.

Escândalo da Ultrafarma continua. A Sefaz-SP exonerou Artur Gomes da Silva Neto do cargo de auditor fiscal da Receita Estadual. Ele é suspeito de liderar o esquema bilionário de manipulação de créditos do ICMS.

E não se fala mais nisso. Elon Musk e X, o ex-Twitter, fecharam acordo para encerrar uma ação de US$ 500 milhões por demissões na empresa de rede social.

“Segura a onda”… pediu o Walmart a Trump. A rede de hipermercados americana alertou que os custos de operação da empresa estão aumentando.

Especialistas em carne. A compra de carne brasileira pelos argentinos disparou e subiu 724% no ano. O destaque vai para a proteína suína.