RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um dia após ser alvo de operação e ter o celular apreendido, o pastor Silas Malafaia comparou a Polícia Federal à Gestapo, a polícia política da Alemanha nazista, e afirmou que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes “vai cair”.

As declarações foram feitas em culto nesta quinta-feira (21) na Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Advec) da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.

“Esse homem vai ser julgado pelas leis desse país ou pelas leis de Deus. Vai chegar a hora dele. Não desejo mal a ninguém, mas vai chegar”, afirmou em relação a Moraes.

Malafaia reclamou que teve quatro cadernos apreendidos pela PF, entre eles um que continha supostos rascunhos de discursos e vídeos. Também criticou a divulgação das mensagens contidas no relatório de indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL).

“Por que vazam isso? Para desviar a atenção da sociedade dos crimes de Moraes. Como prendem um passaporte de um líder religioso respeitado? Coisa do chefe da Gestapo. Isso não é Polícia Federal”, afirmou.

Malafaia também comentou o conteúdo das mensagens trocadas com Bolsonaro. O pastor disse que não é puxa-saco do ex-presidente e que fala “até bobagem”, em referência às mensagens em que faz ataques ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.

“[A conversa] mostra que não sou puxa-saco, sou independente, critico quando tenho que criticar. Tenho intimidade e falo até bobagem”, disse.

“Meu celular da época de campanha à Prefeitura de São Paulo tem uns 20 áudios que mandei para Bolsonaro, Michelle e filhos largando o aço por não se posicionarem firmemente contra Pablo Marçal.”

Malafaia também justificou o apoio a Lula (PT) em 2002, afirmando que o segundo turno daquela eleição era entre um candidato de esquerda, Lula, contra o que seria um candidato de centro-esquerda, José Serra (PSDB). O pastor também se referiu a Aécio Neves (PSDB) como político de centro-esquerda.

O culto desta quinta teve a apreensão do celular como destaque. Uma mensagem no telão com a frase “estamos juntos, pastor” foi exibida quando Malafaia foi anunciado, e placas de apoio foram erguidas por parte do público.

Na entrada, apoiadores do pastor seguravam uma faixa com a inscrição “tende misericórdia daquele que tenta impedir a palavra de Deus”.

Malafaia desembarcava de Lisboa no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (20), quando agentes cumpriram decisão de Moraes, que determinou a apreensão do aparelho e o cancelamento do passaporte.

Em fala a jornalistas após depoimento à PF, Malafaia chamou o ministro do STF de “criminoso” e “ditador”. Na manhã desta quinta, à Folha, admitiu possibilidade de prisão, ao afirmar que “todo desfecho é possível”.

A Polícia Federal afirma ter identificado que Malafaia atuou em articulação com outros investigados “na definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, bem como no direcionamento de ações coordenadas”.

Para os investigadores, o objetivo do pastor seria “coagir os membros da cúpula do Poder Judiciário, de modo a impedir que eventuais ações jurisdicionais proferidas no âmbito do STF possam contrapor os interesses ilícitos do grupo criminoso”.