MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – O Ministério Público do Paraná e o MPF (Ministério Público Federal) emitiram, na última sexta-feira (15), uma recomendação administrativa às forças de segurança para assegurar a proteção de crianças e adolescentes indígenas em Guaíra, no oeste do estado. A medida ocorre após o assassinato de um jovem da etnia avá-guarani.

O crime aconteceu no dia 12 de julho. O corpo da vítima, de 21 anos, foi encontrado decapitado e acompanhado de uma carta com ameaças explícitas contra a população indígena, incluindo possíveis ataques a ônibus escolares e comunidades locais.

O episódio provocou medo generalizado entre o povo avá-guarani, e parte dos alunos deixou de frequentar as escolas.

A recomendação foi direcionada a diferentes órgãos de segurança, entre eles o Comando da Força Nacional, a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), o 19º Batalhão de Polícia Militar, o Batalhão de Polícia de Fronteira, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Civil e a Guarda Municipal de Guaíra.

Em nota à Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (21), a Funai disse que tem “compromisso com a garantia da segurança e da integridade das comunidades indígenas” e que está “trabalhando de forma articulada com órgãos de segurança e demais instituições responsáveis”.

Acrescentou que foi aprovada nesta terça-feira (19) a prorrogação da permanência da Força Nacional de Segurança Pública por mais 90 dias na região.

Também em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná disse que ainda não recebeu notificação oficial sobre a recomendação administrativa. “De todo modo, ressaltamos que essas recomendações estão alinhadas com as práticas já adotadas pelas polícias do Paraná e que a Secretaria segue em diálogo constante com os Ministérios Públicos”, disse a pasta.

A PRF afirmou que “se coloca à disposição das autoridades para auxiliar, dentro das suas competências, no que for solicitado”.

As demais entidades também foram procuradas pela reportagem, mas não responderam até a publicação deste texto.

Entre as medidas exigidas estão o reforço do policiamento nos horários e trajetos do transporte escolar, a criação de um plano de segurança específico com participação de lideranças indígenas e a proteção nos pontos de embarque e desembarque. Também foi solicitada a articulação com órgãos de inteligência para prevenir novos ataques e a comunicação constante com as comunidades afetadas.

Outra recomendação é o monitoramento e investigação de práticas de racismo e discriminação contra indígenas, tanto em espaços virtuais quanto físicos. As medidas buscam garantir não apenas a segurança imediata dos estudantes, mas também prevenir a intensificação da violência na região.

As instituições notificadas têm prazo de 20 dias para informar aos Ministérios Públicos quais providências iniciais foram adotadas. Caso não cumpram a recomendação, poderão ser alvo de medidas administrativas e judiciais.