A Redação

A Justiça do Trabalho da Paraíba determinou o bloqueio de bens do influenciador digital Hytalo Santos e de seu marido, Israel Nata Vicente, após pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT). A medida, divulgada pela TV Cabo Branco, afiliada da TV Globo, na noite desta quarta-feira (20), atende a um procedimento que investiga denúncias de trabalho infantil, exploração sexual e tráfico humano para fins de exploração infantil. Entre os bens bloqueados estão cinco veículos de luxo, empresas e outros ativos, até o limite de R$ 20 milhões.

O casal está preso desde a última sexta-feira (15) em São Paulo, após cumprimento de mandados expedidos pela Justiça da Paraíba. Segundo o MPT, o bloqueio tem como objetivo garantir recursos para o pagamento de eventual indenização por dano moral coletivo e a adoção de medidas de reparação e assistência às possíveis vítimas, caso haja condenação. A decisão, de caráter cautelar, também considera indícios de ocultação de patrimônio, com movimentações financeiras atípicas e supostas manobras para blindagem e dissipação de bens.

A investigação teve início em dezembro de 2024, a partir de uma denúncia apresentada ao MPT-PB. Segundo o procurador do Trabalho Flávio Gondim, responsável pelo inquérito, mais de 15 testemunhas foram ouvidas e cerca de 50 vídeos analisados. O material reunido já soma mais de duas mil páginas. De acordo com o procurador, a produção de conteúdos para redes sociais ocorria de forma intensa, em formato semelhante a um “reality show”, com postagens diárias e monetização dos vídeos.

Durante a apuração, foram colhidos depoimentos de ex-funcionários, pessoas próximas à rotina do casal e coordenações de escolas. Parte dos relatos aponta que adolescentes teriam ficado afastados do ambiente escolar por períodos prolongados, chegando a até 50 dias fora de João Pessoa. Para o procurador, os indícios apontam para possíveis irregularidades, incluindo exploração do trabalho infantil e situações que podem caracterizar exploração sexual.

Além da investigação principal, o MPT instaurou mais dois procedimentos para apurar denúncias de assédio sexual, assédio moral, maus-tratos e atos de violência física contra funcionários. Por envolver crianças e adolescentes, o processo corre sob sigilo, e outras medidas ainda podem ser adotadas. A defesa de Hytalo Santos e Israel Vicente afirma que ambos são inocentes e que sempre se colocaram à disposição das autoridades, considerando a prisão e o bloqueio dos bens medidas “extremas”.