BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou nesta quinta-feira (21) que a Força, inspirada em seu patrono Duque de Caxias, mantém sua força na coesão e na imparcialidade.

“Sua espada foi empunhada em prol de um único lado: o da pátria, pois, conforme o próprio declarou: ‘Minha espada não tem partido’ […] [Caxias] Ensinou-nos, ainda, que a força do Exército reside na fé, na coesão, na disciplina, na imparcialidade e no compromisso com o bem comum”, disse Tomás.

O general ainda destacou que o exemplo de Caxias, símbolo da pacificação no Exército, passa pelos conceitos da dignidade humana e união nacional.

“Em sua longa trajetória na busca da unificação nacional, debelou revoltas internas sem triunfalismos, respeitou os vencidos como irmãos e tratou todos, aliados e adversários, com dignidade e humanidade”, afirmou.

“Após a capitulação de Oribe, [Caxias] escreveu em sua ordem do dia: ‘A verdadeira bravura do soldado é nobre, generosa e respeitadora dos princípios da humanidade’. Essas palavras de Caxias, o pacificador, permanecem vivas, orientando a conduta de todos os militares”, completou.

O discurso do general Tomás Paiva foi feito durante a cerimônia de comemoração do Dia do Soldado, em Brasília. O evento ocorreu em frente ao QG do Exército e contou com a participação do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e do vice-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Edson Fachin.

Os discursos do Dia do Soldado tradicionalmente permeiam os temas de pacificação e unidade. É uma homenagem à história de Duque de Caxias, reconhecido no Exército como o Pacificador.

Os comandantes, porém, aproveitam a leitura da ordem do dia para indicar quais são as leituras que a cúpula do Exército tem feito do contexto do país e dar recados sobre a situação política.

No Dia do Exército de 2024, em abril, Tomás renovou os apelos das Forças Armadas por previsibilidade orçamentária —a principal pauta do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro.

Já no Dia do Soldado do mesmo ano, em agosto, o general destacou que a carreira militar exige enorme sacrifício, sem privilégios. O discurso foi feito no momento em que o governo Lula (PT) discutia mudanças na previdência dos militares.

O discurso deste ano tem como pano de fundo o avanço das crises políticas, amplificadas com a reta final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com os pedidos por anistia aos envolvidos nos ataques do 8 de Janeiro.

Ocorre ainda em momento em que a cúpula do Exército promove uma arrumação interna, num esforço para cuidar das cicatrizes deixadas pelas participação de militares na trama golpista investigada pela Polícia Federal.

O foco principal do rearranjo foi no Comando de Operações Especiais. O comando da Força decidiu obrigar que o curso de formação dos chamados “kids pretos” tenha disciplinas sobre ética profissional e liderança militar.

“O verdadeiro Soldado, tal qual Caxias, sabe que o reconhecimento e a popularidade são efêmeros. Vive uma vida modesta, espartana e sem ambições, tendo a abnegação e o desprendimento como companhia. Seu farol é a lei e a ética”, concluiu Tomás em seu discurso.