BARRETOS, SP (FOLHAPRESS) – A Festa do Peão de Barretos, que começa nesta quinta-feira (21), aposta em provas equestres que levam de volta para o estádio de rodeios disputas envolvendo laço de bezerros, uma delas importada dos Estados Unidos e outra que retorna à festa após hiato de quase 20 anos.
Não é o retorno da prova do laço que gerou polêmica há duas décadas devido à falta de um redutor de impacto no pescoço do animal e foi banida, mas uma competição em dupla chamada team roping, em que os participantes têm de laçar o bezerro pelo pescoço e pelas patas. A outra, breakaway roping conhecida como “laço que se abre” é disputada somente por mulheres e pelas suas características é vista como promissora nas arenas.
Variação da prova original, a breakaway tem laço feito para se romper quando puxado pelo animal, impedindo que haja um “tranco” nos bezerros. Nela, o percurso é cronometrado e a amazona que completar a tarefa no menor tempo vence.
A prova esteve no calendário de Barretos (a 423 km de São Paulo) no ano passado, mas apenas com 11 competidoras convidadas de São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, e agora ganha caráter mais efetivo.
Ela será disputada no período mais nobre do calendário da Festa do Peão, durante o Barretos International Rodeo, nos dias 30 e 31, e dará vaga para o The American, milionário evento dos Estados Unidos que acontecerá no ano que vem com a distribuição de premiação de US$ 2 milhões.
Da mesma forma, no team roping dois caubóis saem em disparada ao lado do bezerro e um deve laçar os pés, enquanto o outro busca a cabeça do garrote no menor tempo, com o uso de laços especiais, segundo o diretor de rodeio da Festa do Peão, Marcos Abud.
“As provas mudaram, tanto o laço em dupla, em que você também não pode mais esticar a corda, enquanto no breakaway não acontece nada. Ela joga o laço e solta ao mesmo tempo. Acertando ou errando, ela tem de soltar o laço”, afirmou.
Segundo Abud, o team roping, que foi muito disputado em Barretos nos anos 1990, quando o rodeio se internacionalizou, tem ido muito bem nos Estados Unidos, assim como a prova do laço que se rompe.
“Essa prova lá [Estados Unidos] está uma explosão total, a mulherada gosta muito”, disse.
VARIEDADE NA ARENA
As montarias em touros são a principal atração na festa de Barretos e é a disputa que encerra o evento todas as noites, mas há outras modalidades nas arenas, uma inclusive em que os competidores não podem encostar nos animais. No total, serão 11 competições na arena, sete delas com uso de cavalos e quatro com touros.
No team penning, um trio de cavaleiros precisa separar três bezerros numerados num grupo de 30 animais e levá-los para um curral, sem encostar nos animais. Vence quem cumprir a tarefa no menor tempo.
Ao lado da prova de três tambores, é a disputa mais aguardada após as montarias em touros. Na prova dos tambores, as amazonas precisam percorrer um circuito em forma de triângulo delimitado por três tambores no menor tempo.
As outras provas do programa barretense em 2025 são bareback, sela americana e ranch sorting.
Já as envolvendo touros são as finais da PBR (Professional Bull Riders) e da LNR (Liga Nacional de Rodeio), o Barretos International Rodeo e o Rodeio Júnior.
PROVA ELIMINADA
Barretos já teve outras disputas que foram consideradas polêmicas, geraram embate com entidades de proteção animal e acabaram sendo eliminadas da programação. São os casos da prova do laço “tradicional” e do bulldog, que saíram do calendário por motivos diferentes.
A prova do laço foi alvo de ação do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal em 2005, ano em que Barretos completou 50 anos de festa, e deixou de ser realizada a partir do ano seguinte.
Nessa prova, que é disputada em eventos espalhados pelo país, o peão montado num cavalo deve laçar um bezerro pelo pescoço, descer do cavalo e imobilizar o animal. Quando ele concluir a tarefa e levantar as mãos o seu tempo de prova é computado e vence quem cumprir no menor tempo.
A prova deixou de ser feita em 2006, quando a organização da Festa do Peão assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público Estadual.
Já a prova de bulldog está suspensa há 14 anos, desde que um bezerro morreu em 19 de agosto de 2011 depois de participar da disputa na arena de rodeios de Barretos.
Na prova, um bezerro é solto e o cavaleiro passa a correr ao seu lado, até o momento em que o competidor sente que é possível imobilizar o animal. Ele, então, se joga do cavalo e imobiliza o bezerro pelo pescoço.
Assim como em outras provas equestres, o vencedor é quem cumprir a prova no menor tempo.
Os rodeios receberam um aceno do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019, quando ele anunciou, na arena projetada por Oscar Niemeyer (1907-2012), a assinatura de um decreto que flexibilizava a legislação sobre rodeios no país.
Com a mudança, passou a competir ao Ministério da Agricultura avaliar os protocolos de bem-estar animal elaborados por entidades promotoras de rodeios e vaquejadas. Isso fez com que se tornassem raras ações com sucesso de entidades de proteção animal contra a realização dos eventos.