BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), disse nesta quarta-feira (20) que todos os que foram ministros da Previdência desde o governo Dilma Rousseff (PT) serão convidados para falar ao colegiado. O mesmo será feito com os ex-presidentes do INSS.
“Vamos começar pelos ministros da Previdência desde o governo Dilma. Nós queremos entender esse mecanismo, todas as falhas dele, independentemente do momento. Também desde o governo Dilma estaremos convidando, e, se for necessário, convocando, todos os presidentes e ex-presidentes do INSS”, declarou Viana.
Ele também disse que, se for preciso, serão convocados servidores do atual governo ou de gestões passadas para prestar esclarecimento. O presidente do colegiado falou a jornalistas no Senado.
Questionado se a comissão poderia ouvir o senador Rogério Marinho (PL-RN), suplente na CPI que foi secretário de Previdência e Trabalho no governo de Jair Bolsonaro (PL), o presidente do colegiado disse que sim. Segundo ele, em um primeiro momento essas oitivas serão por meio de convite. Convocações só seriam realizadas em caso de necessidade, como o convidado se recusar a comparecer.
Viana declarou ser muito cedo para dizer se o colegiado ouvirá o irmão sindicalista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Ferreira da Silva, o Frei Chico, que é vice-presidente do Sindinapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos). A entidade é uma das implicadas no escândalo de descontos irregulares.
Ele afirmou, porém, que os presidentes de sindicatos citados no escândalo deverão ser ouvidos.
O presidente da CPI também não descartou a convocação de Jair Bolsonaro para prestar depoimento, uma sugestão da bancada do PT, mas disse que nada impediria o mesmo procedimento com Dilma Rousseff.
“Se eles colocarem e o requerimento for aprovado, eu não vejo problema nenhum. Mas tem que ser no voto. Qual é o motivo para a gente não poder convocar quem quer que seja? A própria presidente Dilma poderá ser convocada em algum momento se os membros entenderem necessário ao trabalho”, declarou o senador. Ele também disse que pretende fazer um trabalho técnico.
Viana foi eleito depois de o governo se descuidar da CPI e a oposição se mobilizar para elegê-lo no lugar de Omar Aziz (PSD-AM), aliado de Lula que era o favorito para presidir o colegiado.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse a jornalistas que a derrota foi culpa sua. Randolfe também afirmou que Viana é um apoiador da gestão Lula, o que o próprio presidente da CPI negou. “Não me considero da base do governo, como nunca fui. Minha função é o equilíbrio”, declarou Viana.
O presidente da CPI disse que haverá duas reuniões do colegiado por semana, às segundas e quintas-feiras.
O plano de fazer reuniões às segundas indica que Viana pretende imprimir ritmo intenso aos trabalhos. Trata-se de um dia em que normalmente há poucas atividades no Senado, e em que há poucas chances de o trabalho da CPI ser interrompido pelo plenário da Casa -comissões não podem funcionar enquanto há votações no plenário.
Viana afirmou que na próxima quinta-feira será apresentado o plano de trabalho da comissão de inquérito e serão votados os primeiros requerimentos para convocar ou convidar depoentes.
O relator do colegiado será o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Falta definir quem será o vice-presidente. De acordo com Viana, isso será resolvido em duas ou três semanas.