BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Parlamentares aliados de Jair Bolsonaro (PL) atacaram o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, após o indiciamento do ex-presidente e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sob suspeita de coação e após a operação contra Silas Malafaia nesta quarta-feira (20).
A Polícia Federal indiciou Bolsonaro e o filho sob suspeita de obstrução do julgamento da trama golpista, em curso no Supremo. O relatório final da investigação, entregue ao tribunal na sexta-feira (15), afirma haver indícios de que os dois cometeram crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.
O vereador Carlos Bolsonaro (PL) afirmou que está em curso “um manual de perseguição que faria inveja aos maiores ditadores da história”.
“A cada dia, trabalham em conjunto para manipular a opinião pública. O objetivo é simples: desgastar, sufocar e apagar qualquer voz que confronte a engrenagem”, publicou no X.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que as medidas fazem parte da ditadura de Moraes e recomendou que o ministro tome cuidado.
“Tome cuidado com o que Vossa Excelência está fazendo, nós não vamos recuar”, disse na tribuna do plenário. “Para cada preso da direita se multiplicarão milhões nas ruas contra sua ditadura.”
“Você precisa entender uma coisa: você não pode tudo. Você vai acertar contas com a Justiça da terra e também na justiça divina porque não se persegue um líder religioso”, emendou.
“Não queira fazer da sua toga mais um pedestal de ditadura para expor as pessoas em aeroporto. Um ministro tem Constituição para respeitar e o senhor rasgou a Constituição porque sua vida já está desgraçada pela Lei Magnitisky”, disse ainda Sóstenes.
O líder do PL afirmou que Moraes divulgou áudios com o objetivo de provocar brigas internas na direita, mas que o efeito foi o de unir o campo.
Outro deputado que ameaçou Moraes, mas voltou atrás, foi Zé Trovão (PL-SC). “Alexandre de Moraes, presta atenção, o seu dia, o seu fim, está próximo e nós vamos acabar com a sua vida”, disse no plenário.
“Que dia para se dizer mais uma vez ao STF: continuem perseguindo as pessoas, vocês estão no caminho certo […] para que daqui a pouco tempo esse país seja uma desgraça definitiva”, afirmou ainda.
Em seguida, o deputado afirmou que queria corrigir sua fala. “Eu disse a palavra ‘destruir sua vida’ e isso de maneira nenhuma. A gente não está aqui para destruir vidas e sim as ações erradas que ele tem tomado. Eu quero retirar minha palavra.”
O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou que Moraes “tenta desmoralizar”.
“Esse vazamento seletivo é criminoso, deveria ser investigado e punido. Um vazamento selecionado para tentar denegrir a imagem [da família Bolsonaro]. Até nisso querem entrar? Relação entre pai e filho? Isso é absolutamente fora de propósito”, disse à Folha.
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que está claro haver “uma ação orquestrada no sentido de impedir o cumprimento da lei, de obstruir o trabalho da justiça e, com isso, pressionar, indevidamente, não só o Judiciário, mas também o Parlamento com essas propostas de anistia, de impeachment de ministros do Supremo”.
“Fica muito claro que há um interesse de tentar utilizar uma situação que é profundamente nociva ao Brasil para tentar salvar a pele de Bolsonaro e dos outros que estão nesse processo de condenação”, disse o senador.
A deputada Natália Bonavides (PT-RN) afirmou que os áudios deixam evidente que “a família Bolsonaro agiu como os milicianos que são e fez do Brasil refém para tentar se salvar”.