BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-ministro e general Walter Braga Netto usou um celular com chip pré-pago para conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) um dia após os dois serem impedidos de manter contato.

Essa foi uma das conclusões da Polícia Federal no relatório final do inquérito sobre a suposta tentativa de Jair e Eduardo Bolsonaro de coação contra o avanço do processo sobre a trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal).

Pai e filho foram indiciados por suspeita de tentativa de obstruir o julgamento. O pastor Silas Malafaia, apoiador de Bolsonaro, também é alvo da operação da PF e teve seu celular apreendido no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ao desembarcar de Lisboa. Seu passaporte foi cancelado e ele foi proibido de manter contato com Jair e Eduardo Bolsonaro, mesmo por intermédio de outras pessoas.

Braga Netto enviou uma mensagem por SMS para Bolsonaro na madrugada do dia 9 de fevereiro de 2024. O contato foi feito cerca de 18 horas após a Polícia Federal realizar sua maior operação na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, com buscas contra o ex-presidente, militares e aliados.

“Estou com este número pré pago para qualquer emergência. Não tem zap. Somente face time. Abs Braga Netto”, escreveu o general.

Segundo a Polícia Federal, a mensagem mostra que o ex-ministro descumpriu ainda em 2024 uma das medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, já que os dois estavam impedidos de se comunicar.

“O descumprimento das medidas cautelares impostas pelo STF menos de 24 horas após a ciência das proibições indicam a um só tempo, manutenção e fortalecimento do liame subjetivo entre os investigados em relação as condutas pretéritas investigadas naquele período, bem como relevação de total desprezo e alienação quanto ao caráter vinculante das decisões emanadas pela Suprema Corte, o que agrava a ilicitude das condutas dos réus”, diz a PF.