SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O fundador e gestor do renomado fundo Verde, Luis Stuhlberger, vê a postura do presidente dos Estados Unidos com relação à politica monetária como semelhante às críticas da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) à taxa de juros brasileira, atualmente em 15% ao ano.

“O pensamento do Trump sobre política monetária e quanto nós devemos pagar de juros é muito parecido com o da Gleisi: qualquer juro que você pague é dinheiro jogado fora”, disse Stuhlberger nesta quarta-feira (20), durante evento do Santander.

Em junho, quando a Selic subiu de 14,75% para o nível atual, a ministra criticou a decisão do Banco Central em suas redes sociais: “No momento em que o país combina desaceleração da inflação e déficit primário zero, crescimento da economia e investimentos internacionais que refletem confiança, é incompreensível que o Copom aumente ainda mais a taxa básica de juros. O Brasil espera que este seja de fato o fim do ciclo dos juros estratosféricos”, escreveu Gleisi.

Na opinião do gestor, o presidente americano irá pressionar o Banco Central dos EUA, o Fed, pela queda de juros.

“Acho que o Trump vai querer testar juro real zero. Ele vai pressionar os limites. Ele vai para o tudo ou nada no Fed, de uma maneira como a gente nunca viu na vida. Ele vai pressionar todos e não vai se contentar enquanto não estiver satisfeito”, disse Stuhlberger.

O fundador do fundo Verde considera que o republicano tem capital político o suficiente para este movimento, especialmente após conseguir aprovar a One Big Beautiful Bill e agradar parte de seus apoiadores do MAGA (Make America Great Again) com a imposição de tarifas, especialmente sobre países como o Brasil.

Em relação ao tarifaço, Sthulberger analisa que o pior pode ter ficado para trás. “Depende se o Brasil escalar para dizer que o pior ficou para trás. Até porque tanto o Lula e o Supremo acham que escalar, em nome da soberania nacional, melhorou [a aprovação] nas pesquisas. Está dando dividendo político.”

Nesta quarta, pesquisa Genial/Quaest indicou que o governo Lula (PT) alcançou 31% de avaliação positiva, contra 39% de negativa, o que confirma a tendência melhoria no quadro de popularidade nos últimos meses.

Para Sthulberger, porém, essa melhora na avaliação pode ser atribuída à desaceleração da inflação, após a recente queda do dólar.

A maior preocupação do gestor, e relação ao tarifaço, é o embate do governo com as big techs. “Escalar para isso, na minha opinião, é jogar o Tump para cima da gente, porque você estaria prejudicando. Interesses americanos”, diz Sthulberger.

Na próxima semana, o governo Lula enviará ao Congresso um projeto de lei de regulação das big techs, que usa critérios semelhantes aos adotados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em decisão de junho que alterou o Marco Civil da Internet.