SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cerca de 60 mil reservistas de Israel serão convocados a partir desta quarta-feira (20) após o ministro da Defesa Israel Katz aprovar o plano para tomar a Cidade de Gaza. A decisão ocorre enquanto mediadores aguardam a resposta do governo a uma proposta de cessar-fogo no território palestino já aprovada pelo Hamas.
De acordo com o Exército, as ordens deveriam ocorrer em etapas um primeiro grupo de 40 a 50 mil reservistas deveria se apresentar no dia 2 de setembro; uma outra parte, em novembro e dezembro; e um terceiro grupo, em fevereiro e março de 2025. As convocações, porém, foram antecipadas.
Em 22 meses de guerra, o Exército israelense tomou quase 75% da Faixa de Gaza. A ocupação da Cidade de Gaza, no entanto, é simbólica por ser aquela onde, antes da guerra, vivia a maior parte dos mais de 2 milhões de habitantes do território, atualmente devastado por bombardeios de Israel.
O plano, que também envolve os campos de deslocados da região, foi aprovado no começo do mês pelo gabinete de segurança do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu. O objetivo declarado é desarmar o Hamas e libertar os reféns, mesmo sob os alertas de que a operação poderia colocar a vida deles em risco.
Os sequestrados estão sob o poder do grupo terrorista desde os atentados de 7 de outubro de 2023 ao sul de Israel, que mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis. No ataque, o Hamas levou aproximadamente 250 pessoas a Gaza, e a maioria foi libertada nas duas tréguas alcançadas ao longo da guerra. Ainda há, no entanto, 50 reféns, dos quais acredita-se que 20 estejam vivos.
A ofensiva de Tel Aviv, por sua vez, já matou mais de 62 mil pessoas, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, e colapsou o sistema de ajuda humanitária do território. Os dados são considerados confiáveis pela ONU e não podem ser checados de forma independente devido ao bloqueio de Israel à imprensa internacional.
Desde o início da guerra, Israel mantém um cerco a Gaza, que enfrenta uma “fome generalizada”, segundo as Nações Unidas. O governo israelense rejeita as acusações e afirma ter autorizado a entrada de mais ajuda nas últimas semanas.
Apesar da convocação, o Qatar, mediador do conflito ao lado de Egito e Estados Unidos, mostrou-se otimista com a nova proposta, “quase idêntica” a uma versão anterior aceita por Israel. O texto, já aprovado pelo Hamas, prevê uma trégua de 60 dias e a libertação de reféns em duas etapas como antessala para um acordo definitivo para encerrar a guerra.
“Não podemos afirmar que tenha havido um avanço decisivo, mas acreditamos que é um ponto positivo”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Mayed al Ansari. A proposta é baseada em um plano anterior do enviado americano Steve Witkoff: a libertação de 10 reféns vivos e de corpos de outros 18 em troca de um cessar-fogo de 60 dias, durante os quais ocorreriam negociações para acabar com a guerra, informou a rádio pública israelense Kan.
Enquanto isso, Tel Aviv intensifica seus ataques aéreos e operações terrestres em Gaza. De acordo com o site israelense Walla, o Exército está “a ponto de completar a conquista do bairro de Zeitoun”, na Cidade de Gaza, e o “próximo objetivo” é o bairro vizinho de Al Sabra.