SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira sessão na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo após a operação que afastou o prefeito da cidade, Marcelo Lima (Podemos), além de vereadores e servidores municipais, teve um pedido para suspensão de salário dos agentes públicos e outro para criar uma CPI para investigar os supostos esquemas de corrupção apontados pela Polícia Federal.
Fora o prefeito, também foram afastados o presidente da Câmara, Danilo Lima (Podemos), primo de Marcelo, o vereador Ary de Oliveira (PRTB), além de um secretário e um servidor, ambos do município.
Eles foram denunciados pelo Ministério Público na noite de segunda-feira (18) sob suspeita de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, além de possíveis fraudes em licitações, junto com outras pessoas. Além disso, a Promotoria também pede a perda de mandato e de função pública e a impossibilidade do exercício de função ou cargo público pelo prazo de oito anos.
O pedido para instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito foi feito pelo vereador Julinho Fuzari (Cidadania), líder do governo no Legislativo de São Bernardo do Campo, na sessão ordinária desta terça-feira (19).
“Vou colher a assinatura dos vereadores dessa casa para primeiro instaurar uma CPI para investigar esse escândalo e, em segundo [lugar], um requerimento de informação pedindo todos os contratos que são citados na investigação da Polícia Federal, porque a gente tem um trabalho muito importante de colaborar. A gente tem um trabalho técnico de fiscalização do Executivo.” O vereador diz que conseguiu as assinaturas para instaurar a comissão.
Já os vereadores João Viana (Cidadania), Luana Eloá (MDB) e Shell Gomes (Cidadania) protocolaram um requerimento para que a prefeitura suspenda o pagamento de salários dos agentes públicos afastados pela operação, chamada de Estafeta. A lista inclui o prefeito, os vereadores Danilo Lima e Ary de Oliveira e os servidores municipais Antônio Renê da Silva e Fabio do Prado, diretor e secretário, respectivamente da pasta de Coordenação Governamental.
Procuradas, as defesas de Marcelo Lima e Danilo Lima não responderam até a publicação deste texto. A reportagem não localizou os advogados dos demais citados.
INVESTIGAÇÕES CONTINUAM
Segundo o Ministério Público, as investigações, que começaram por acaso com a apreensão de R$ 14 milhões, continuam.
“As investigações prosseguem para o esclarecimento do envolvimento de outros indivíduos no esquema delituoso com vistas a se detalhar a contribuição de empresários do núcleo econômico da organização, bem como de outros agentes públicos”, diz o texto da denúncia.
Também foram denunciados Paulo Iran, auxiliar legislativo que atuava no gabinete do deputado estadual Rodrigo Moraes (PL); Antônio Renê da Silva, servidor municipal e diretor Secretaria de Coordenação Governamental de São Bernardo; Fabio Augusto do Prado, secretário de Coordenação Governamental; Roque Araújo Neto, servidor que atuava no gabinete da deputada estadual Carla Morando (PSDB); o vereador Ary de Oliveira (PRTB); Paulo Sérgio Guidetti, servidor municipal; Caio Fabbri, sócio da Quality Medical; e Edimilson de Deus Carvalho, sócio da Terraplanagem Alzira Franco.
Os deputados Rodrigo Moraes e Carla Morando, que não são investigados, anunciaram a exoneração dos servidores após a operação.
A denúncia é assinada pelo Procurador-Geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
A defesa de Edmilson Carvalho afirmou que o dinheiro é “fruto de seu trabalho e não de nenhum esquema de corrupção”. Procurada, a defesa de Paulo Iran não respondeu até a publicação desta reportagem. A Folha de S.Paulo não localizou os advogados dos demais citados.



