SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) de São Paulo, Antônio Roque Citadini, entregou nesta segunda-feira (18) sua aposentadoria da corte, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve indicar para a vaga Wagner Rosário, controlador-geral do estado e ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL).

O ato da aposentadoria deve ser oficializado nos próximos dias no Diário Oficial, poucas semanas antes de setembro, quando Citadini completa 75 anos. Assumirá o posto a atual vice-presidente, conselheira Cristiana de Castro Moraes.

Vinculado ao Legislativo, o órgão é responsável por fiscalizar a aplicação dos recursos públicos no Executivo estadual e nos mais de 600 municípios (apenas a capital tem seu próprio tribunal de contas).

Rosário é servidor de carreira do Executivo federal e foi ministro da CGU (Controladoria-Geral da União) de Bolsonaro.

Ele também foi da mesma turma da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) que o governador de São Paulo em 1996, assim como o secretário da Casa Civil, Arthur Lima. Ele também foi um dos cotados para a indicação ao TCE, mas por fim Tarcísio escolheu Wagner.

A turma deles chegou ao generalato no último dia 7, num evento que foi acompanhado por Tarcísio e Wagner em Brasília. O líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), também foi colega de turma deles.

Neste mandato de Tarcísio, foram abertas quatro vagas para a corte, que tem sete conselheiros. Destas, três são de indicação da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), cuja maioria é aliada do governador. A quarta é de indicação do próprio Tarcísio, e será ocupada pelo ex-CGU.

O tribunal é vital para o andamento de obras e projetos do governo estadual, uma vez que aprova ou não as suas contas. Apesar de ser considerado hoje o principal nome à sucessão de Bolsonaro ao Planalto, Tarcísio diz que é candidato à reeleição em São Paulo.

Ele intensificou as críticas ao governo Lula (PT) e ampliou os encontros com empresários dos setores agrícola e financeiro nas duas semanas seguintes à decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Bolsonaro foi preso na segunda (4), por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que entendeu que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares no inquérito que apura possível prática de coação e obstrução a investigações por seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos.

Nos primeiros dias após a prisão, Tarcísio manteve agendas de governo em São Paulo, com reuniões no Palácio dos Bandeirantes e visitas ao interior, em cidades como Pirapora do Bom Jesus, Holambra, Agudos, Lençóis Paulista e Dois Córregos. A exceção foi a viagem a Brasília, no dia 7, quando foi visitar o aliado e, ao lado de outros governadores de oposição, discursou contra Lula e o STF.

Na semana passada, a rotina ganhou caráter mais político. Foram três palestras para empresários do setor financeiro e do agronegócio, um jantar na casa do cantor Latino, nos Jardins, que reuniu nomes ligados ao bolsonarismo, um almoço oferecido pelo Bank of America e viagens a Cuiabá (MT) e Sorocaba (SP). Em duas das palestras, defendeu explicitamente a saída de Lula.

O jantar em São Paulo foi divulgado nas redes sociais de Latino. O cantor, autor da música “Me Leva”, que ganhou versão no jingle de campanha de Tarcísio ao governo paulista, abriu as portas da casa para empresários que ouviram o governador falar das políticas públicas que executa, segundo relatos. O evento reuniu empresários bolsonaristas como Flávio Rocha, dono da rede Riachuelo.