SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta alta nesta segunda-feira (18) com os investidores repercutindo as reuniões do presidentes dos EUA, Donald Trump, com os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski.

Às 13h45, a moeda norte-americana subia 0,49%, cotada R$ 5,425, em linha com o cenário internacional. O índice DXY, que compara a moeda em relação a uma cesta de seis divisas fortes, tinha alta 0,26%, a 98,113 pontos.

No mesmo horário, a Bolsa disparava 0,99%, a 137.703 pontos. O desempenho do Ibovespa acompanha a valorização da Raízen após notícia de que a Petrobras cogita investir na empresa.

Trump recebeu Putin com tapete vermelho e show militar no Alasca na última sexta-feira (15), com o objetivo de firmar uma trégua na Guerra da Ucrânia. Foi a primeira cúpula entre o russo e um presidente americano desde 2021.

A cúpula acabou após 2 horas e 40 minutos de conversa, sem que um cessar-fogo fosse definido. “Não há um acordo até haver um acordo. Grande progresso hoje, mas não chegamos lá ainda”, disse Trump a repórteres.

“Eu vou fazer algumas ligações. Vou ligar para os aliados da Otan, para [o presidente ucraniano Volodimir] Zelenski, para ver se ele concorda”, completou, cobrindo Putin de elogios por sua “relação fantástica” ao longo de anos difíceis. “Nós concordamos em vários pontos, faltam alguns. Talvez o mais importante”, disse, com as palavras “Buscando a Paz” inscritas ao fundo.

Na esteira da reunião no Alasca, Trump convidou o presidente ucraniano para uma nova visita à Casa Branca nesta segunda, que contará ainda com a presença de vários líderes europeus. O presidente americano tentará convencer Zelenski a aceitar um acordo de paz durante a reunião.

Há, no entanto, um temor de que o encontro termine como a conversa de fevereiro, quando Trump e o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, deram uma bronca pública a Zelenski.

Na ocasião, Trump acusou o presidente ucraniano de ter causado a invasão russa de 2022 e de não querer acabar com a guerra.

“O presidente Zelenski pode acabar a guerra com a Rússia quase imediatamente, se ele quiser, ou pode continuar a lutar. Lembre como ela começou. Não ganhará de volta a Crimeia dada por Obama (12 anos atrás, sem um tiro dado!), e SEM ENTRADA NA OTAN DA UCRÂNIA”, escreveu Trump na Truth Social nesta segunda.

No cenário doméstico, os investidores repercutem dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de junho, considerado um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto).

O índice recuou 0,1% em junho na comparação com o mês anterior, mas terminou o segundo trimestre com crescimento de 0,3%. A leitura do mês frustrou a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,05%, depois de o IBC-Br ter recuado 0,7% em maio.

“A leitura desses números sob a ótica macroeconômica aponta para uma economia em fase de transição. A queda marginal sugere certa fragilidade no curto prazo, refletindo os efeitos da política monetária ainda restritiva, com juros elevados que inibem crédito e consumo”, disse Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.

Também nesta segunda, a pesquisa Focus, do Banco Central, mostrou que a expectativa do mercado para a expansão do PIB em 2025 é de 2,21%.

Os investidores continuam atento às negociações envolvendo Brasil e EUA. Uma conversa entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, estava agendada para a última quarta-feira, mas foi desmarcada pelo lado norte-americano sem perspectiva de nova data.

Enquanto isso, o governo Lula apresentou um plano de contingência para auxiliar empresas afetadas pela tarifa de 50% a produtos brasileiros na última quinta-feira (13). O pacote, batizado de “Brasil Soberano”, foi apresentado na forma de uma MP (Medida Provisória e terá vigência imediata, mas precisará ser apreciado pelo Congresso Nacional em até 120 dias.

A MP cria uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para as companhias atingidas pelo tarifaço, bem como inclui o adiamento de impostos federais, maior ressarcimento de créditos tributários e uma reformulação nas garantias à exportação para facilitar a busca de novos mercados.

Na cena internacional, o mercado continua atento aos movimentos do Fed. O simpósio de Jackson Hole, que será realizado a partir de quinta-feira (21) e terá um aguardado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, promete sinalizar próximas ações do banco central americano.

Operadores dizem ser provável um corte na próxima reunião da instituição em setembro, com boa parte das apostas apontando para uma redução de 0,25 ponto percentual e uma pequena porcentagem para 0,5 ponto.

A perspectiva de cortes de juros pelo Fed tem favorecido o real em sessões recentes devido à percepção de que, com a taxa Selic em patamar alto por tempo prolongado, o diferencial de juros entre Brasil e EUA permanecerá favorável para o lado brasileiro.