BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Embraer afirmou, na investigação comercial aberta pelo governo Donald Trump contra o Brasil, que a eventual imposição de novas tarifas sobre o setor de aviação com base nessa apuração do USTR (escritório do representante de comércio) “seria contrário aos interesses dos EUA”.

A empresa também argumentou que prevê um superávit de US$ 8 bilhões com os EUA até 2030.

A fabricante de aviões registrou nesta segunda-feira (18) uma manifestação no USTR (escritório do representante de comércio dos EUA), órgão responsável por conduzir a investigação comercial ordenada por Trump que pode resultar em sanções adicionais contra o país.

Num documento de três páginas, a Embraer destacou que sua subsidiária EAH, que produz jatos executivos, está baseada na Flórida. Há informações confidenciais que foram tachados do documento, como projeções de pagamento de impostos às autoridades americanas.

“A Embraer e a EAH apresentam esta manifestação para demonstrar que impor restrições à importação dos produtos da Embraer seria diretamente contrário aos interesses dos Estados Unidos.”

A companhia afirmou ainda que nenhuma das supostas práticas injustas atribuídas pelo USTR ao Brasil têm relação com a Embraer ou sua subsidiária.

Em seguida, a fabricante listou uma série de razões pelas quais gera “benefícios massivos” aos EUA.

“No que diz respeito à Embraer, os Estados Unidos estavam a caminho de alcançar um superávit de US$ 8 bilhões entre 2025 e 2030 em um cenário sem tarifas”, declarou.

A Embraer escapou da sobretaxa de 40% aplicada por Trump a uma gama de produtos brasileiros, mas segue submetida à tarifa adicional de 10% imposta pelo republicano em abril.

A companhia listou ainda em sua manifestação sua contribuição para a economia americana: 2.500 empregos diretos em 17 plantas nos EUA, e 10 mil indiretos. Afirmou ainda que as compras estimadas para os próximos cinco anos devem gerar 5.000 empregos adicionais.

Entre os argumentos apresentados, também consta a contribuição da Embraer para o transporte de passageiros em território americano. Segundo a empresa, são 100 milhões de passageiros transportados por ano, cerca de 10% do mercado dos EUA.

“Mais de 2.000 aeronaves comerciais da Embraer operam atualmente nos Estados Unidos, para companhias aéreas americanas como American, Delta, United e Alaska Airlines”, afirma a empresa.

“As companhias aéreas dos EUA dependem do jato regional E175 da Embraer para preencher uma função vital em suas frotas, permitindo o atendimento a aeroportos menores e oferecendo mais frequências entre cidades maiores que não podem ser atendidas de forma eficiente por aeronaves maiores.”

“É importante destacar que esse jato não compete com nenhuma aeronave fabricada nos EUA, e mais da metade do valor total do E175, em média, é proveniente de componentes adquiridos de fornecedores americanos”, concluiu.