SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta alta na manhã desta segunda-feira (18) com os investidores repercutindo os resultados das reuniões entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, nesse final de semana.

Eles também aguardam o encontro entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, nesta segunda.

Às 11h16, a moeda norte-americana subia 0,18%, cotada R$ 5,409. No mesmo horário, a Bolsa também tinha alta 0,50%, a 137.027 pontos.

Trump recebeu Putin com tapete vermelho e show militar no Alasca na última sexta-feira (15), com o objetivo de firmar uma trégua na Guerra da Ucrânia. Foi a primeira cúpula entre o russo e um presidente americano desde 2021 e tinha

O líder russo não visitava os EUA desde 2015, e nenhum líder de seu país esteve no Alasca, território vendido pela Rússia imperial aos americanos em 1867.

A cúpula acabou após 2 horas e 40 minutos de conversa, sem que um cessar-fogo fosse definido. “Não há um acordo até haver um acordo. Grande progresso hoje, mas não chegamos lá ainda”, disse Trump a repórteres.

“Eu vou fazer algumas ligações. Vou ligar para os aliados da Otan, para [o presidente ucraniano Volodimir] Zelenski, para ver se ele concorda”, completou, cobrindo Putin de elogios por sua “relação fantástica” ao longo de anos difíceis. “Nós concordamos em vários pontos, faltam alguns. Talvez o mais importante”, disse, com as palavras “Buscando a Paz” inscritas ao fundo.

Na esteira da reunião no Alasca, Trump convidou o presidente ucraniano para uma nova visita à Casa Branca nesta segunda, que contará ainda com a presença de vários líderes europeus. O presidente americano tentará convencer Zelenski a aceitar um acordo de paz durante a reunião.

Há, no entanto, um temor de que o encontro termine como a conversa de fevereiro, quando Trump e o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, protagonizaram uma bronca pública a Zelenski.

Na ocasião, Trump acusou o presidente ucraniano de ter causado a invasão russa de 2022 e de não querer acabar com a guerra.

“O presidente Zelenski pode acabar a guerra com a Rússia quase imediatamente, se ele quiser, ou pode continuar a lutar. Lembre como ela começou. Não ganhará de volta a Crimeia dada por Obama (12 anos atrás, sem um tiro dado!), e SEM ENTRADA NA OTAN DA UCRÂNIA”, escreveu Trump na Truth Social nesta segunda.

No cenário doméstico, os investidores repercutem dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de junho, considerado um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto).

O índice recuou 0,1% em junho na comparação com o mês anterior. A leitura do mês frustrou a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,05%, depois de o IBC-Br ter recuado 0,7% em maio.

“A leitura desses números sob a ótica macroeconômica aponta para uma economia em fase de transição. A queda marginal sugere certa fragilidade no curto prazo, refletindo os efeitos da política monetária ainda restritiva, com juros elevados que inibem crédito e consumo”, disse Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.

No fim de julho, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano e ressaltou que antecipa uma manutenção da taxa por período bastante prolongado.

Também nesta segunda, a pesquisa Focus, do Banco Central, mostrou que a expectativa do mercado para a expansão do PIB em 2025 é de 2,21%. O boletim também aponta que os economistas projetam a manutenção da taxa Selic em 15% ao fim deste ano.

Os investidores continuam atento às negociações envolvendo Brasil e EUA. Uma conversa entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, estava agendada para a última quarta-feira, mas foi desmarcada pelo lado norte-americano sem perspectiva de nova data.

Na quinta, o governo Lula apresentou um plano de contingência para auxiliar empresas afetadas pela tarifa de 50% a produtos brasileiros. O pacote, batizado de “Brasil Soberano”, foi apresentado na forma de uma MP (Medida Provisória e terá vigência imediata, mas precisará ser apreciado pelo Congresso Nacional em até 120 dias.

A MP cria uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para as companhias atingidas pelo tarifaço, bem como inclui o adiamento de impostos federais, maior ressarcimento de créditos tributários e uma reformulação nas garantias à exportação para facilitar a busca de novos mercados.

Na ponta internacional, o mercado também se atenta ao simpósio de Jackson Hole, que será realizado a partir de quinta-feira (21) e terá um aguardado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Com a divulgação de dados mostrando as tarifas impactando os preços dos EUA, operadores passaram a reajustar suas apostas sobre a política monetária do Fed. O mercado tem precificado a probabilidade de um corte de juros na reunião de setembro, com boa parte das apostas apontando para uma redução de 0,25 ponto percentual e uma pequena porcentagem para 0,5 ponto.

A perspectiva de cortes de juros pelo Fed tem favorecido o real em sessões recentes devido à percepção de que, com a taxa Selic em patamar alto por tempo prolongado, o diferencial de juros entre Brasil e EUA permanecerá favorável para o lado brasileiro.