SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Governo entrega resposta por escrito às acusações da investigação comercial aberta pelos EUA contra o Brasil, grandes frigoríficos vão bem no segundo trimestre e minimizam a ameaça do tarifaço para o setor e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (18).
**NAS TRINCHEIRAS PELO PIX**
Ninguém mexe com o queridinho do Brasil: o Pix. Ou será que mexe? Nos últimos meses, o método de pagamento ganhou destaque no noticiário global, após ele o ser citado como concorrência desleal na investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o país.
DO INGLÊS “STRATEGY”
O Brasil deve argumentar, na investigação comercial movida pelo USTR (escritório do representante de comércio dos EUA), que o Pix não discrimina serviços de pagamento operados por empresas estrangeiras, sejam eles de qualquer tipo.
Na resposta, o Itamaraty pretende alegar que funcionalidades de pagamento diferentes, como o WhatsApp Pay, não são obrigadas a aderir ao Pix embora muitas tenham integrado a tecnologia em suas plataformas.
Elas podem funcionar livremente no país, desde que dentro das regras estabelecidas pelo Banco Central, as mesmas exigidas aos agentes brasileiros.
A resposta por escrito do governo Lula às acusações deve ser protocolada até hoje, 18 de agosto.
O Banco Central participou das reuniões preparatórias que discutiram a resposta a ser enviada aos EUA.
🥊 Comigo ninguém pode
A determinação do Planalto logo após a abertura da investigação foi reafirmar aos americanos que o Pix é uma operação já consagrada e que não será modificada.
O fato do meio de pagamento ter entrado na mira de Trump foi inclusive usado pela equipe de comunicação de Lula para ressaltar uma mensagem de defesa do meio de pagamento.
Ainda em julho, o perfil oficial do governo compartilhou nas redes sociais uma imagem com a frase “O Pix é nosso, my friend”.
O TAMANHO DO RISCO
A investigação do USTR contra o Brasil mira múltiplas frentes: comércio digital e serviços de pagamento eletrônico; tarifas “injustas e preferenciais”; leis anticorrupção; proteção da propriedade intelectual; acesso ao mercado de etanol; e desmatamento ilegal.
A apuração tem potencial de causar danos adicionais à economia brasileira e traz riscos de sanções quem podem ser de difícil reversão.
**COXÃO MOLE OU COXÃO DURO?**
O setor da carne bovina está preocupado com a sobretaxa de 50% às exportações brasileiras aplicada por Donald Trump. Isso porque o país é um dos principais fornecedores da proteína para os americanos. Mesmo assim, os últimos três meses foram, em geral, bons para o setor.
COMO ASSIM?
Ainda que o tarifaço pressione as expectativas de algumas empresas, o ciclo pecuário nos EUA está mal das pernas, o que impulsionou as exportações brasileiras antes da aplicação das taxas.
Na divulgação dos balanços trimestrais, as companhias ressaltaram que a sobretaxa americana está pesando nas vendas, mas frisaram que estão redirecionando as exportações a outros países.
Vamos detalhar o que houve nos resultados dos maiores frigoríficos.
[1] JBS
A maior empresa de carnes do mundo produz nos EUA e anunciou um salto no lucro do segundo trimestre e uma receita trimestral recorde de cerca de US$ 21 bilhões (R$ 113,4 bilhões).
A empresa divulgou seus resultados pela primeira vez após listar suas ações na Bolsa de Valores de Nova York. Ela registrou lucro líquido de US$ 528,1 milhões no período, uma alta de 60,6% em relação ao período homólogo.
[2] Marfrig
Teve crescimento de 13% em relação ao mesmo período no ano passado. Também possui produção de carne bovina dos EUA.
A companhia está em processo para incorporação das ações da BRF e atingiu uma receita líquida consolidada de R$37,8 bilhões no segundo trimestre, crescimento de 8,6% ano a ano.
Ela classificou como marginal o impacto do tarifaço imposto pelos EUA a produtos brasileiros, incluindo a carne bovina.
[3] Minerva
A terceira da lista pode ser a mais afetada pelo tarifaço em breve. Ela não produz carne nos EUA, ou seja, tudo o que ela vende no país será sujeito à taxação de 50%.
Ela destacou que quase 60% da receita bruta veio do mercado externo no trimestre, bastante beneficiada pelo ciclo ruim da pecuária americana. A retomada da demanda chinesa também impulsionou o resultado.
**MAIS UMA**
Não dá para escapar deles: os carros de montadoras chinesas estão por toda a parte no Brasil. E, ao que tudo indica, eles vieram para ficar. Na última sexta-feira (15), a chinesa GWM inaugurou a linha de produção no Brasil e pode acirrar a concorrência no setor de veículos elétricos.
TEMPO DE ESPERA
Em 2021, a GWM (sigla para Great Wall Motors, ou Motores da Grande Muralha, em referência ao que conhecemos como a Muralha da China) anunciou a compra da antiga fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis, interior de São Paulo.
O movimento foi repetido pela também chinesa BYD em 2023, que comprou a antiga planta fabril da Ford, em Camaçari, na Bahia.
Foram quatro anos de adaptações para a instalação de uma linha de produção de carros elétricos, hoje com a capacidade de entregar 50 mil unidades.
Sim, mas isso é pouco, para os planos da empresa. A ideia da companhia é fabricar de 250 mil a 300 mil unidades por ano no Brasil.
Em nome de atender às necessidades da empresa de expansão na América Latina, já existem planos para a montagem de uma segunda planta fabril no país. Quem dá a informação é Parker Shi, presidente da GWM International.
A nova fábrica avançaria nas etapas de produção. Seria uma unidade com prensas, para fazer as carrocerias completas.
DOMINANDO GERAL
Hoje, 35% dos automóveis feitos pela montadora chinesa são montados fora da China. A ideia é chegar a 50%.
PRIMAS, NÃO IRMÃS
No formato de produção, a GWM quer se afastar da concorrente BYD. Qual estilo de fabricação é melhor, não dá para saber teremos as duas no mercado brasileiro para saber quem sairá vencedora.
A BYD seccionou a produção: a maioria das peças vem pronta da China e a montagem dos veículos acontece aqui. Já a GWM, quer reforçar que sua fabricação é mais nacional que a da adversária ainda que muitas peças sejam importadas do país de origem.
**CANECO VAZIO**
Ver alguém tomando uma caneca grande de cerveja antes das 10 horas da manhã não é incomum na Alemanha. Pelo menos há algum tempo não era. Mas parece as tradições estão mudando por lá.
Uma realidade curiosa se apresenta entre os alemães: os jovens do país consomem cada vez menos bebidas alcoólicas, o que está levando pequenos produtores de cerveja ao desespero.
TEMPESTADE PERFEITA
Com inflação e aumento no custo da energia, as pressões financeiras sobre os fabricantes de cerveja estão aumentando. Soma-se a isso a diminuição da atração dos jovens pela bebida.
Para muitos alemães da geração Z, a tomar cerveja deixou de ser algo cotidiano e virou um acontecimento raro.
EM MOVIMENTO
As cervejarias não ficaram paradas esperando a mudança chegar. Algumas tentam se adaptar: mais de 800 variedades de cerveja sem álcool estão agora disponíveis na Alemanha mas isso não compensou a – queda acentuada do consumo.
– O alemão consome, em média, 88 litros da bebida por ano, quase 30% a menos que a média em 2000 (126 litros);
– O país registrou uma queda de 6,3% na produção de cerveja no primeiro semestre de 2025;
– 52 cervejarias fecharam em todo o país em 2023 e 2024, a maior redução em pelo menos três décadas
POR TODOS OS CANTOS
O fenômeno dos jovens abstêmios não está restrito à Alemanha, apesar de ser mais perceptível lá, uma vez que o país é o maior produtor de cerveja do continente europeu. Europa, EUA e o Brasil também sentem os impactos da tendência.
↳ Aqui foram produzidos 757 milhões de litros de cerveja sem álcool, ou 4,9% do total. É um aumento de 536,9% em relação a 2023, quando a produção atingiu a marca de 118,9 milhões de litros.
O QUE EXPLICA
Os jovens têm menos renda disponível do que as gerações anteriores, os movimentos de bem-estar estão em ascensão e há uma maior conscientização sobre os riscos à saúde associados ao consumo de álcool.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Mais problemas. A realização da COP30 em Belém enfrentou mais uma polêmica: a organização havia proibido a venda de maniçoba e açaí no evento, mas retrocedeu depois da repercussão ruim.
Fora do xilindró. Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, e diretor da Fast Shop, foram soltos sob fiança de R$ 25 milhões e ordem de usar tornozeleira eletrônica.
Investigação terminada. O Fórum Econômico Mundial concluiu que seu fundador, Klaus Schwab, não cometeu irregularidades materiais. O fundador do WEF era acusado de usar indevidamente fundos da fundação, assediar funcionários, entre outras denúncias.
De olho no lucro. O governo está estudando uma linha de crédito e debêntures no BNDES para incentivar a exploração e beneficiamento de minerais críticos.