SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A série de excepcionalidades de protocolo registradas na cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin, que ocorreu na sexta-feira (15) no Alasca, ganhou mais um ineditismo: o avião presidencial russo foi escoltado pela primeira vez na história por caças norte-americanos.

O incidente ocorreu na saída do Iliúchin Il-96 de Trump de Anchorage, sede da reunião em que ele o colega americano discutiram a Guerra da Ucrânia e a retomada de relações bilaterais rompidas pelo conflito iniciado em 2022.

Segundo vídeo divulgado neste sábado (16) pelo Kremlin, quatro caças furtivos ao radar de quinta geração F-35 escoltaram o quadrimotor russo para fora do espaço aéreo americano. Esses são os mesmos aviões que, ao lado dos ainda mais poderosos F-22, fazem interceptações de bombardeiros russos e chineses em patrulha na mesma região com frequência.

Não há registro de algo do tipo envolvendo um avião presidencial russo. O Pentágono não comentou. Na véspera, o Air Force One, um Boeing-747 altamente modificado usado pela Casa Branca, havia sido escoltado por seis F-22 ao chegar ao território do Alasca, que já foi russo e é separado da área principal EUA pelo Canadá.

Putin, por sua vez, já empregou escolta para seu avião antes. Em 2019, para propagandear seu novo caça furtivo ao radar, o Su-57, usou seis unidades do modelo para voar junto ao Il-96 presidencial dentro da Rússia.

Em 2023, numa exibição mais opulenta de masculinidade militar, voou para os Emirados Árabes Unidos para uma visita de Estado cercado por quatro modernos Su-35, que ainda fizeram uma pequena exibição aérea nos céus do Oriente Médio.

Mesmo sem escolta, aviões como o Air Force One ou seu equivalente russo têm diversas contramedidas em caso de ataque, como sistemas antimíssil, iscas incandescentes e equipamento de guerra eletrônica. Mas nada substitui um bom piloto de caça disposto a morrer pelo chefe, claro.

A cúpula em Anchorage já havia registrado momentos inusitados e quebra de protocolo de segurança por parte de Putin —que chegara ao Alasca precedido por um avião-isca, dissimulando em que aeronave voava.

Ele foi recebido por Trump com tapete vermelho na base militar Elmensdorf-Richardson, que sedia 40 F-22 usados para interceptar ameaças russas. Quatro desses aviões estavam enfileirados no caminho que o russo e o americano percorreram até um palco para fotografias —que trazia o Air Force One enquadrado ao fundo.

Para completar, no meio do caminho houve um sobrevoo de um bombardeiro furtivo ao radar B-2, criado para jogar armas nucleares na Rússia e que foi empregado contra o Irã, aliado de Putin, em junho. O avião estava escoltado por quatro F-35, e Putin olhou para cima ao ouvir o rugido dos motores.

Ele deu o troco ao surpreender Trump e ir com o americano na limusine Cadillac apelidada de “A Besta”, devido aos seus sistemas de proteção e blindagem. O russo deixou para trás seu próprio modelo, uma versão especial do Aurus Senat, feito em seu país com auxílio alemão nos tempos anteriores à guerra, para desespero dos segurança russos e americanos, que nunca viram algo parecido.

O que ambos conversaram ninguém sabe, mas Putin viu no caminho ao prédio da cúpula foi uma longa linha de F-22 estacionados lado a lado, assim como um outro B-2, em mais um capítulo quinta série da relação entre os chefes das duas maiores potências nucleares do mundo.