BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Integrantes do governo Lula responsabilizam o Congresso Nacional pela queda do lucro líquido do Banco do Brasil no segundo trimestre deste ano. Apesar dos números, a presidente da instituição, Tarciana Medeiros, segue bem avaliada no Palácio do Planalto, afirmam aliados do presidente.

Divulgado nesta quinta-feira (14), o resultado do BB (R$ 3,8 bilhões) foi 60% menor que o registrado no mesmo período do ano passado. A alta da inadimplência é apontada como uma das causas dessa queda.

Auxiliares de Lula, por sua vez, atribuem o aumento da inadimplência à expectativa que o agronegócio tem de renegociação de suas dívidas após aprovação de uma “pauta-bomba” na Câmara dos Deputados que autorizou o uso de até R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para esse refinanciamento. Essa expectativa de repactuar as obrigações em condições mais favoráveis teria impactado o cronograma de quitação dos débitos.

Em julho, a Câmara aprovou esse crédito subsidiado para o agronegócio em uma retaliação orquestrada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A votação ocorreu após o veto do presidente ao aumento do número de deputados e a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de validar o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), contrariando decisão anterior do Congresso.

A proposta inicial era voltada apenas ao pequeno produtor rural, mas, com o apoio do centrão, foi reformada para autorizar o uso desses recursos -originalmente reservados a áreas como educação, saúde e habitação-, para refinanciar dívidas gerais do agronegócio com juros subsidiados.

O texto tramita no Senado, onde um requerimento de urgência está pronto para ir a plenário.

A queda no lucro do BB se deve a um aumento na provisão de perdas esperadas (PDD), que foi a R$ 15,9 bilhões, 104% maior que há 12 meses. Isso aconteceu por causa da alta na inadimplência e por uma nova resolução do Banco Central, que obriga os bancos a reservarem os valores que eles esperam não receber de volta, e não apenas o que já não receberam.

No cálculo, o BB considerou um fluxo de perda esperada de R$ 7,9 bilhões do agronegócio, de R$ 4,8 bilhões de pessoas físicas e de R$ 4,3 bilhões de pessoas jurídicas.

O agro passa por uma onda de recuperações judiciais após revés na safra de grãos passada. Neste segmento, os atrasos acima de 90 dias representam 3,49% do total, um avanço de 0,45 ponto percentual no trimestre e de 2,17 pontos percentuais no ano.

Aliados de Lula minimizam a possibilidade desses números levarem à queda de Tarciana Medeiros do comando do banco. Apesar de reconhecerem uma pressão de senadores por sua substituição, afirmam que o mau resultado não foi debitado na conta dela.

Segundo congressistas, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), reivindica o cargo. Embora Alcolumbre tenha se aproximado de Lula, integrantes do governo afirmam que o desempenho financeiro do BB não deve acelerar essa fritura.

RAIO-X | BANCO DO BRASIL NO 2º TRI DE 2025

Fundação: 1808

Lucro: R$ 3,8 bilhões

Agências: 3.997

Funcionários: 85.959

Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Nubank e Caixa Econômica Federal