SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos registraram um aumento de 4,6% no número de brasileiros que ingressaram no país até julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024. De acordo com dados preliminares mais recentes do Departamento de Comércio dos EUA, 1,1 milhão de viajantes do Brasil entraram no país em 2025.
Apesar da queda da emissão de 25% no número de vistos americanos de turismo e de negócios (B1/B2) para o Brasil sob o governo de Donald Trump, o fluxo de visitantes segue tendência contrária.
Só em julho, foram 160 mil viajantes -um aumento de 1,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O Brasil é um dos que aparecem no topo do ranking de países cujos cidadãos mais viajam aos EUA. Se excluídos os vizinhos Canadá e México, que lideram a lista, os brasileiros ficam atrás apenas do Reino Unido e da Índia.
No balanço consolidado do governo americano de janeiro a maio de 2025, houve um aumento de 13,9% na entrada de mexicanos em relação ao mesmo período do ano passado, e uma queda de 16,8% de canadenses. Nesse mesmo intervalo, os brasileiros também tiveram um aumento, mas ligeiramente menor, de 3,4%.
O crescimento do fluxo também foi sentido pelas companhias aéreas brasileiras, que expandiram a oferta de voos e levaram mais passageiros. O número de viajantes transportados pela Latam do Brasil para os EUA saltou de 243 mil, de janeiro a junho do ano passado, para 258 mil no mesmo período de 2025, segundo a empresa.
Na rota inversa, dos EUA para o Brasil, o número de voos também cresceu de 235 mil para 259 mil no período analisado. Segundo a Latam, houve aumento de oferta e demanda. A empresa faz, atualmente, 40 partidas diretas semanais para cinco destinos nos EUA: Boston, Los Angeles, Miami, Nova York e Orlando.
Outra companhia brasileira, a GOL afirma ter expandido em 40% a oferta de voos entre Brasil e EUA nos sete primeiros meses deste ano, de janeiro a julho, em relação ao mesmo período de 2024. A empresa ainda implementou uma nova rota, ligando Miami a Belém.
A Azul também teve um aumento. O número de passageiros saltou de 125 mil, de janeiro a junho do ano passado, para 188 mil no mesmo período deste ano, uma alta de 50%. As decolagens também cresceram de 606 para 896 no período.
Já a American Airlines faz 28 voos semanais, incluindo dois diários para Miami, um para Dallas e um para Nova York. Na temporada de verão no Hemisfério Sul, a empresa aumentará a oferta para 38 partidas semanais. A United Airlines afirmou que o número de voos permaneceu estável.
A agência de viagens CVC registrou uma queda de 9% na venda de pacotes para os Estados Unidos até julho deste ano, em relação ao ano passado. Ao analisar alguns destinos exclusivamente, como Orlando, que é um dos favoritos entre os brasileiros, houve um crescimento de 1% na comparação, enquanto Nova York teve uma queda de 20%.
O vice-presidente B2C (negócios para pessoa física) da CVC Corp, Emerson Belan, afirma que vê os números como um reflexo da flutuação do dólar. “Como em janeiro e fevereiro o dólar estava bastante alto, o consumidor começa a buscar outros destinos”, diz Belan, citando o Caribe como exemplo. “O Caribe vem crescendo muito neste ano, com o sistema [de venda de pacotes com hotel] all-inclusive. Ele paga a viagem e não gasta mais nada no destino.”
A partir deste mês, a operadora começou a ter um aumento nas vendas, após lançar uma promoção e conseguir recolocar Orlando como destino favorito. “A gente já havia percebido que tinha uma demanda reprimida pelos Estados Unidos. Com a promoção, só Orlando, neste agosto, subiu 15% em comparação ao ano passado.”
Ingrid Baracchini, advogada especialista em imigração, cita alguns fatores que podem ter contribuído para esse crescimento de viajantes, como a baixa temporária do dólar e a realização de grandes eventos como a Copa do Mundo de Clubes da Fifa, sediada nos EUA.
“Eu entendo que o brasileiro não está com medo de ir. Quem tem visto foi e também não teve sua entrada barrada”, afirma. Ela lembra que muitas dessas viagens são compradas com antecedência, o que ajuda a explicar a falta de relação direta com a baixa na emissão de visto e o aumento de idas aos EUA.
Além disso, em 2023 e 2024, os brasileiros foram os que mais tiveram vistos B1/B2 emitidos no mundo, o que manteve uma base considerável de viajantes aptos a ingressar em solo americano.