SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que lança sua pré-candidatura à Presidência da República neste sábado (16), voltou a defender a remoção compulsória de moradores de rua e comparou-os a carros estacionados em locais proibidos que devem ser guinchados.
“Se alguém deixa o carro estacionado num lugar proibido, o carro não é guinchado? Agora vai ficar alguém na porta de um comerciante que paga imposto, que gera emprego, fazendo sujeira, atrapalhando, ameaçando o cliente. Ninguém pode fazer nada”, disse Zema em entrevista à BBC News Brasil publicada nesta quinta-feira (15).
O governador tenta se consolidar como nome da direita para o Palácio do Planalto no momento em que o campo político vive uma indefinição diante da insistência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de manter seu nome na urna mesmo estando inelegível até 2030 e prestes a ser julgado sob acusação de liderar uma trama golpista em 2022.
Na entrevista à BBC, o governador mineiro afirmou que o espaço público “é para todos utilizarem” e que, em sua opinião, deveria haver uma lei nacional proibindo moradores de rua de dormir ou acampar em vias públicas. Disse ainda que esses cidadãos deveriam ser levados a abrigos e centros de recuperação, mesmo contra a vontade.
O mineiro já havia defendido essa posição em junho.
Na entrevista à BBC, Zema também reafirmou a disposição de conceder anistia a Jair Bolsonaro (PL) caso eleito.
“Mantenho [essa posição] sim. Eu não estou à procura de voto, estou à procura de solução”, disse. “Por que não dar anistia? Acho que nós temos de passar uma régua nisso, uma borracha, e olhar para o futuro.”
Zema declarou ainda apoio às sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, mas disse não ver interferência americana no Judiciário brasileiro. O governador ainda responsabilizou o presidente Lula (PT) pela imposição de tarifas comerciais dos EUA contra o Brasil.
O mineiro também defendeu o “desmame” da Zona Franca de Manaus e voltou a propor mudanças no Bolsa Família.
Zema afirmou ainda apoiar a reforma do Imposto de Renda que amplia a taxação sobre os mais ricos. “Nós temos de fazer com que aqueles que ganham muito, paguem.”
Sobre a disputa presidencial, disse que não abrirá mão da candidatura mesmo sem apoio de Jair Bolsonaro. “Nós vamos manter a nossa candidatura até o final”, afirmou.
Ele também defendeu mudanças na CLT para permitir a pejotização de forma mais ampla. “Hoje nós temos muito esse processo de pejotização, em que muitas pessoas trabalham como prestadores de serviços por motivo tributário, mas é o equivalente a empregado. Então, acho que nós tínhamos de ter aqui uma ‘CLT 2’ que permitisse alguém fazer essa opção.”