BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), líder da bancada do PL na Câmara, afirmou nesta sexta-feira (15) considerar “perseguição religiosa” a inclusão do pastor Silas Malafaia, de quem é afilhado político, no inquérito que apura suposta obstrução às investigações da tentativa de golpe de Estado.
“É uma situação gravíssima, um absurdo. A perseguição autoritária juristocrática que se dava por motivos ideológicos agora incluiu a perseguição religiosa, a perseguição a um pastor”, afirmou.
A PF (Polícia Federal) incluiu o pastor no inquérito sob relatoria de Alexandre de Moraes que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista Paulo Figueiredo por suposta tentativa de embaraçar as investigações.
“Por que o Malafaia tem que estar nesse inquérito, por suas opiniões, suas críticas ao Alexandre? Qual a razão de ele ser investigado, isso é um absurdo. Tão absurdo quanto é ele [Malafaia] ser informado que estava na investigação não pela Justiça, mas pela Globonews”, afirmou Sóstenes.
Malafaia organizou o ato de apoio a Bolsonaro em 3 de agosto, no qual o ex-presidente participou por vídeo transmitido em redes sociais de terceiros. A aparição resultou, no dia seguinte, na decretação de prisão domiciliar do ex-presidente.
O líder do PL disse que o tema será debatido na reunião das frentes evangélicas do Congresso, na semana que vem, acrescentando que o episódio mais uma vez evidencia a omissão do Senado ao não colocar em andamento a tramitação de pedidos de impeachment contra Moraes.
Também nesta sexta, as Frentes Parlamentares Evangélica no Congresso Nacional, Evangélica no Senado Federal e da Radiodifusão divulgaram nota em que dizem acompanhar “com intensa atenção e preocupação” o caso, afirmando ainda que há uma escalada de “medidas sem critérios técnicos claros” e de vazamentos de informações à imprensa antes de comunicação formal aos advogados.
Malafaia disse que a investigação em curso “é mais uma prova de que o Estado democrático de Direito está em perigo no Brasil”.