SÃO PAULO, SP E MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – O influenciador Hytalo Santos foi preso, na manhã desta sexta-feira (15), em Carapicuíba, na Grande São Paulo. A informação foi confirmada pela promotora Ana Maria França, do Ministério Público da Paraíba. O marido de Hytalo, Israel Natan Vicente, também foi preso, segundo a promotoria.
Segundo o despacho da Justiça, a decretação da prisão preventiva era necessária para impedir novos atos de destruição ou ocultação de provas ou a intimidação de testemunhas fatos que já estariam ocorrendo desde que o influenciador soube da investigação.
O pedido de prisão foi feito pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado) do MP da Paraíba. Eles foram conduzidos à sede do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil de SP, onde chegaram às 10h55.
Hytalo ganhou destaque na última semana após o youtuber Felca o acusar de lucrar com exposição sexualizada de adolescentes, é investigado pelo Ministério Público da Paraíba desde dezembro de 2024 por suspeita de exploração de crianças e adolescentes e por trabalho infantil.
Procurada, a defesa do influenciador disse que “ainda não teve acesso ao conteúdo da decisão que determinou a medida extrema, o que impossibilita uma manifestação mais detalhada.”
Os defensores, reafirmam a inocência do influenciador e dizem que ele sempre se colocou à disposição das autoridades. “Assim que tivermos ciência dos fundamentos, adotaremos todas as medidas judiciais cabíveis para resguardar os direitos de Hytalo, inclusive com o ingresso de Habeas Corpus, se for necessário.”
Em posicionamento anterior, ele havia repudiado as acusações de exploração. “Minha trajetória pessoal e profissional sempre foi guiada pelo compromisso inabalável com a proteção de crianças e adolescentes.”
O influenciador afirmou ainda que nunca ocultou ou obstruiu investigações. “Estou em viagem a São Paulo há mais de um mês e permaneço, desde o início, à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento, confiando que a verdade prevalecerá sobre qualquer tentativa de distorção.”
“Não aceitarei que minha imagem e meu trabalho sejam manchados por narrativas infundadas, e seguirei defendendo, com firmeza, a verdade e os valores que sempre nortearam minha vida”, acrescentou.
O juiz Antonio Rudimacy Firmino de Souza, afirma que as provas apuradas até agora em inquérito policial, depoimentos e provas documentais, apontam “fortes indícios de tráfico de pessoas, exploração sexual e trabalho infantil artístico irregular – produção de vídeos com divulgação em redes sociais, constrangimento de crianças e adolescentes, entre outros. ”
No despacho, o magistrado cita episódios como o da chegada de polícias à casa vazia de Hytalo, com uma máquina de lavar ligada. “Os representados têm adotado condutas reiteradas para dificultar o esclarecimento da verdade, valendo-se de práticas ilícitas como a tentativa de destruição de documentos e aparelhos eletrônicos, esvaziando às pressas residência, ocultando valores e veículos utilizados.”
Segundo o Ministério Público da Paraíba, as apurações do caso “têm sido conduzidas com rigor técnico e respeito pela dignidade e pelos direitos das vítimas, especialmente crianças e adolescentes”. No entanto, a promotoria aponta que “o vazamento de informações sigilosas e a execução de medidas de natureza civil, dissociadas dos métodos próprios da investigação criminal, têm prejudicado a eficiência e a segurança do trabalho investigativo, além de potencialmente expor as vítimas a novos riscos.”
O MP também diz que o caso exige tratamento “sem sensacionalismo e com máxima proteção à intimidade das vítimas, sobretudo no enfrentamento à exploração sexual, em especial no ambiente digital.”
Hytalo e o marido foram presos por policiais da 3ª Delegacia de Investigações sobre Estelionato e Crimes Contra a Fé Pública (DIG) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil paulista. Eles serão conduzidos ao departamento, na capital paulista.
A ação também envolveu o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Civil da Paraíba, o Laboratório de Operações Cibernéticas da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública e a Polícia Rodoviária Federal. ” 2ª Vara da Comarca de Bayeux, Estado da Paraíba, pelo Exmo. Sr. Dr. Antônio Rudimacy Firmino de Sousa. As investigações têm por objeto os crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil”, afirmou o MP.
O órgão também cita, no comunicado, o combate ao tráfico humano em âmbito estadual. “pois se trata de uma grave violação de direitos que, embora muitas vezes menos visível que o transnacional, provoca impactos profundos nas comunidades locais. Nesse contexto, vítimas frequentemente oriundas de situações de vulnerabilidade socioeconômica são aliciadas, transportadas e exploradas dentro das fronteiras do próprio estado, seja para fins de exploração sexual, trabalho análogo à escravidão ou outras formas de servidão.”
Hytalo é investigado pelo Ministério Público desde o fim do ano passado. Em outras ocasiões, ele já foi criticado pelos vídeos que publicava nas redes sociais, em que adolescentes e crianças aparecem em ambientes adultos, com poucas roupas e, em alguns casos, sendo sexualizados.
Ele promove vídeos com adolescentes que envolvem dinâmicas em que os jovens se beijam, frequentam festas com consumo de bebidas alcoólicas e aparecem em danças sensuais. No vídeo, Felca afirmou que o influenciador lucra com a sexualização juvenil.
A Folha de S.Paulo apurou que Hytalo alega às autoridades que os pais autorizam que ele tenha tutela dessas crianças e adolescentes. Ele afirma ainda que os matricula em escolas particulares e arca com os gastos educacionais e, em troca, produz os conteúdos para redes sociais. Hoje, apenas duas adolescentes viveriam com ele.