SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de décadas de produção literária e artística, a obra de Ziraldo (1932-2024) ganha nova dimensão no Centro Cultural Banco do Brasil com a exposição “Mundo Zira”, que estreia neste sábado (16) -a mostra, que já passou por outras unidades do CCBB, em Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, parte da criatividade do autor para colocar o visitante em contato direto com as obras e conceitos trabalhados por ele na carreira.
Logo na entrada, o público encontra o primeiro núcleo interativo, com mesas sensíveis ao toque em alturas variadas, pensadas para crianças, adultos e cadeirantes. Nelas, aparecem dez desenhos em preto e branco, disponíveis para o visitante escolher qual irá colorir. Enquanto pinta, a pessoa vê a ilustração ganhando cores em uma projeção contínua na parede.
Em outra, um núcleo com onomatopeias (palavras que imitam sons naturais) destaca uma marca registrada de Ziraldo. Sensores de movimento permitem que visitantes acendam palavras sonoras como “boom” e “splash”, que explodem nas paredes. Próximo dali, a “Sinfonia Flicts” permite interação com o primeiro livro do autor, “Flicts”, de 1969 (ed. Melhoramentos).
Ao mexer os braços de frente para uma partitura, as projeções folheiam as páginas da obra, enquanto toca a música “Solidão de Flicts”, de Sérgio Ricardo,
feita para um espetáculo inspirado na publicação.
Outro espaço em destaque é a história de “O Menino Quadradinho”, composta por páginas do quadrinho que podem receber balões com falas em formato de ímã. Assim, o visitante constrói suas próprias narrativas, colando-os onde preferir.
Subindo as escadas, no primeiro andar, é possível encontrar a turma do personagem mais famoso de Ziraldo, o Menino Maluquinho, que ganhou adaptações bem-sucedidas no cinema e série de TV.
Nesta área, há televisões táteis para montar os personagens da turma que se dividem em três partes: pernas, tronco e cabeça. Ao lado, um grande caracol com palavras de oito de seus principais livros que funciona como um jogo de caça-palavras físico.
Tem mais, como a Mata do Fundão, cenário onde se passa a história da Turma do Pererê. Escondido atrás de uma cortina, o espaço simula uma floresta na qual crianças brincam de esconde-esconde com os personagens. Aqui, os pequenos correm atrás das projeções e, ao conseguirem tocar nos bichinhos, eles emitem falas e se movem para outras áreas, criando uma dinâmica contínua.
Saindo dessa sala, outro espaço traz uma imersão ao universo ziraldiano. Com auxílio de uma técnica de efeitos visuais -o chamada cromaqui-, o ambiente permite que o visitante de fato entre em ilustrações de livros, como “O Bichinho da Maçã” (lançado pela primeira vez em 1982) e da coleção “O Menino dos Planetas”, tornando-se parte da narrativa ao aparecer na imagem projetada ao lado dos personagens.
O acervo também apresenta livros lançados depois da morte de Ziraldo, no ano passado, como “Entre Cobras e Lagartos” (ed. Reco-Reco, 2024) e “Peixe Grande” (Global Editora, 2025), além de textos antigos –agora publicados pela primeira vez em “O Caminho das Sete Tias” (ed. Melhoramentos), com texto de Ziraldo e ilustrações de Adriana Lins.
Sobrinha do autor, Adriana é uma das curadoras da mostra. Para ela, as histórias do tio continuam atuais, refletindo sobre afeto, diversidade e convivência. Na exposição, o público é estimulado a conhecer livros, não só escritos por ele, e criar uma relação com a literatura.
MUNDO ZIRA
Quando Qua. a seg., das 9h às 20h. Estreia sáb. (16). Até 27/10
Onde Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (Espaço Anexo) – r. Álvares Penteado, 112, Centro
Preço Grátis