RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Em evento no Rio, a futurista americana Amy Webb provocou uma reflexão nesta quinta-feira (14) sobre o mundo dos influenciadores digitais e disse que está mais difícil para os negócios captarem a atenção das pessoas com o avanço da tecnologia. Por isso, as personalidades da internet ganham espaço junto a marcas, segundo a especialista.
Webb é uma voz de referência na área de tecnologia. Ela palestrou na conferência Rio Innovation Week. O evento começou na terça (12) e vai até sexta (15).
“Se um negócio é tão bom […], por que você precisa de um influenciador? É porque é difícil se destacar no meio do ruído e capturar a atenção das pessoas”, afirmou. “Isso está ficando mais difícil porque a tecnologia está evoluindo”, acrescentou.
Webb discursou para um auditório lotado. Ao falar sobre os influenciadores, citou o caso da brasileira Virginia Fonseca. Virginia é um nome popular na internet, firmou parcerias com marcas e virou alvo de investigação por ligações com apostas online.
Em tom bem-humorado, Webb disse que não é o público-alvo da influenciadora, mas indicou que uma falha de algoritmo pode ter a levado até a brasileira em razão dos serviços e produtos que ela anuncia e do seu batalhão de seguidores nas redes sociais.
AUSÊNCIA DE LÍDERES NO BRASIL
Webb fez juras de amor ao Brasil em diferentes passagens do evento, mas apontou uma suposta ausência de lideranças que pensem o futuro do país ao falar sobre o cenário de inovação e inteligência artificial.
Ela afirmou que as maiores indústrias locais integram setores como mineração, agricultura e indústria pesada. Para a americana, todas essas atividades estão prontas para a inovação.
Na visão da especialista, o Brasil “pode e deve” ser um líder do futuro da agricultura, com potencial para agregar tecnologia. A fala foi aplaudida pela plateia.
“Vocês têm de reunir todos para colaborar. Têm grandes empresas e pequenas empresas familiares, e não há uma liderança consistentemente dizendo: ‘Esse é o nosso futuro como país'”, afirmou.
Webb abriu a palestra no Rio com uma mensagem de áudio em português, gerada a partir de IA (inteligência artificial). A futurista relatou ter usado a tecnologia para clonar a sua própria voz, já que não domina o idioma dos brasileiros.
Em outro momento, Webb avaliou que empresas não estão totalmente preparadas para lidar com a IA.
“Sejamos realistas, a maioria das empresas não estava preparada no início da internet. Elas também não estavam preparadas no início dos dispositivos móveis. Vejo a mesma coisa acontecendo agora”, declarou.
“As empresas estão falando sobre IA, mas não vejo inovação real suficiente acontecendo. E sei que muitos de vocês provavelmente veem a mesma coisa”, acrescentou.
Na quarta (13), o Rio Innovation Week recebeu nomes como John Maeda, vice-presidente de IA da Microsoft. Ao abrir a sua palestra, o americano fez uma rápida menção à febre do morango do amor no Brasil.
Para exemplificar as limitações da IA, Maeda perguntou a dois sistemas quantas vezes a letra “R” aparecia na palavra “strawberry” (morango, em inglês). Um modelo respondeu duas, e o outro, três. O especialista indicou que sistemas de IA são movidos pela matemática, mas não estão imunes a erros.