SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Danilo Lima (Podemos), presidente da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, também foi afastado pela Justiça do cargo, nesta quarta-feira (14), na mesma ação que retirou das funções o prefeito da cidade, Marcelo Lima (Podemos).

O vereador e o chefe do Executivo são primos. A reportagem procurou Danilo Lima através da assessoria de imprensa do partido.

Em nota, o Podemos afirma que confia na lisura da conduta de Marcelo Lima e acredita também ser necessária prudência em relação todo tipo de manifestação leviana, sem as devidas informações acerca das recentes investigações.

“Reafirmamos nossa crença na importância de que as apurações devam ocorrer com responsabilidade e respeito às garantias legais, inclusive com o necessário direito de defesa”.

O mesmo se aplica, diz o Podemos, ao vereador Danilo Lima.

Marcelo e Danilo Lima foram alvos de uma operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta quinta para apurar corrupção e lavagem de dinheiro na prefeitura da cidade na Grande São Paulo.

Policiais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão.

A 4ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) autorizou a ação, que determinou, além do afastamento dos cargos, a quebra de sigilo bancário e fiscal dos alvos, que incluíram dois vereadores, um secretário municipal e um servidor público.

A PF atuou em São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá e Diadema, na ação denominada Operação Estafeta. O tribunal negou a prisão de Lima, mas determinou o uso de tornozeleira eletrônica, como medida cautelar diversa da prisão.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo do Campo disse que vai colaborar com as investigações. “A gestão municipal é a principal interessada para que tudo seja devidamente apurado. Reforçamos que o episódio não afeta os serviços na cidade.”

Também foram determinados os afastamentos cautelares dos cargos públicos de um outro vereador, um secretário municipal e de um servidor público, todos da administração do município de São Bernardo do Campo, além de um servidor público da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), identificado como Paulo Iran Paulino da Costa.

A reportagem procurou a Câmara de São Bernardo do Campo, que disse ainda não ter um posicionamento sobre o caso.

Segundo o Ministério Público, a investigação apontou para “uma complexa rede criminosa, com uma estrutura definida e um ‘modus operandi’ peculiar, voltada para a captação e movimentação de valores ilícitos no âmbito da Prefeitura de São Bernardo do Campo.” Ao todo, 34 pessoas tiveram a suspensão de sigilo bancário e fiscal.

Também de acordo com a Promotoria, a organização atua por meio do recebimento ilícito de recursos a partir de empresas com contratos com a prefeitura ou com a Fundação ABC em serviços de coleta de resíduos, engenharia, informática e saúde.

A investigação iniciou-se em julho de 2025, a partir da apreensão de 14 milhões em espécie (entre reais e dólares), encontrados com um servidor público vinculado aos investigados. Com a análise de materiais apreendidos, foi desvendado um esquema estruturado entre a alta administração municipal, segundo a investigação.

Servidores públicos realizariam o papel de operadores financeiros responsáveis pelo recebimento, circulação, e destinação de dinheiro em espécie, com empresas contratadas pelo próprio município.

Os elementos colhidos pela PF também apontaram para o recebimento de vantagens indevidas, em dinheiro, de empresas que mantêm contratos altos com o município.