SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Favorito absoluto, o escritor manauara Milton Hatoum foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras nesta quinta-feira (14) sucedendo o jornalista Cícero Sandroni.
O autor dos aclamados romances “Relato de um Certo Oriente”, de 1989, “Dois Irmãos”, de 2000, e “Cinzas do Norte”, de 2005 -todos vencedores do prêmio Jabuti de melhor romance-, passa a ocupar a cadeira nº 6.
Essa foi a primeira vez que Hatoum se candidatou à ABL. O escritor diz que foi convencido a tentar a vaga depois de conversas ao longo da última década com sua amiga e agora colega imortal Ana Maria Machado.
Hatoum recebeu 33 votos contra 1 de Antônio Campos. Sua entrada fecha uma temporada de renovações na Academia que acontece de maneira intensa desde o início do ano. Desde fevereiro, as 40 cadeiras da ABL não estavam todas ocupadas ao mesmo tempo.
A jornalista Míriam Leitão, que passou a ocupar a antiga vaga de Cacá Diegues, tomou posse na última sexta-feira, enquanto o poeta Paulo Henriques Britto e a romancista Ana Maria Gonçalves ainda aguardam suas respectivas cerimônias para trajar o fardão verde.
Às vésperas de seu aniversário de 73 anos, Hatoum entra na Academia com o mesmo espírito de outros imortais recentemente eleitos, buscando falar com públicos diversos, principalmente os mais jovens.
“O jovem leitor precisa se apaixonar pelo livro. A leitura não é uma atividade qualquer, ela humaniza quem lê”, diz, em entrevista feita por telefone logo após a votação. A Companhia das Letras, que o editou desde o romance de estreia, organizou uma recepção para celebrar o autor no Rio de Janeiro.
Romancista, contista, ensaísta, tradutor e professor universitário, Hatoum já passou de 500 mil exemplares vendidos no Brasil e foi traduzido em 16 países. Também é autor do livro de contos “A Cidade Ilhada”, de 2006, da novela “Órfãos do Eldorado”, de 2008, e da coletânea de contos “Um Solitário à Espreita”, lançada em 2013.
Além disso, ele também publica ensaios e artigos sobre literatura brasileira e latino-americana. Em 2017, seu “Dois Irmãos” foi adaptado para o audiovisual como uma minissérie da TV Globo.
Seu próximo lançamento sai em outubro -“Dança de Enganos”, volume final da trilogia “O Lugar Mais Sombrio”, que começou com “A Noite da Espera” e “Pontos de Fuga”. O romance encerra uma trama centrada nos traumas de toda uma geração por causa da ditadura militar.
Hatoum, nascido no Amazonas, entra para uma instituição muitas vezes acusada de se centrar muito no Rio de Janeiro, sede da ABL e onde nasceram a maioria de seus atuais membros. Ele entra na Academia como o único membro da região Norte.
Apesar de disposto a discutir as questões amazônicas, Hatoum afirma que não se sente à vontade de falar da floresta de modo geral. “Eu gosto de associar a amazônia a sua cultura e sua literatura. Por exemplo, Euclides da Cunha e amazônia, esse tema me interessa.”
O escritor disputou contra Campos, Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Paulo Renato Ceratti e Angelos DArachosia.