SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Consórcio liderado pela empreiteira Azevedo e Travassos foi o vencedor do leilão de concessão da rodovia que liga Rio Verde (GO) a Rondonópolis (MT), apelidada de Rota Agro. A empresa ofereceu 19,70% de desconto sobre a tarifa básica do pedágio, superando a proposta das outras quatro concorrentes.

O certame, realizado nesta quinta-feira (14) na sede da B3, em São Paulo, foi marcado pela disputa acirrada entre os interessados. Participaram EPR, Construtora VF Gomes, um consórcio liderado pela XP e a Way Concessões.

O leilão foi decidido na etapa viva-voz, quando as empresas vão aumentando seus lances uma após a outra. Foram classificados para esta etapa o consórcio com a Azevedo e Travassos e a Way Concessões, que ofertaram as maiores propostas iniciais (17,18% e 16,10%, respectivamente).

O contrato prevê investimento de R$ 4,4 bilhões ao longo de 30 anos de concessão, além de R$ 2,8 bilhões em custos operacionais.

O trecho concedido tem mais de 490 km de extensão total e prevê obras como duplicações (46,65 km), faixas adicionais (150,95 km), vias marginais (11,46 km) e a construção de quatro passarelas para pedestres. O projeto inclui cinco praças de pedágio, localizadas nos municípios de Jataí (GO) -cidade que terá duas praças-, Portelândia (GO), Alto Garças (MT) e Pedra Preta (MT).

No evento, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que a Rota Agro foi o leilão com o maior nível de concorrência dos últimos anos.

“A carteira [de projetos do governo federal] é muito acompanhada, nacional e internacionalmente. Pela primeira vez, o setor de rodovias ultrapassou o saneamento no interesse privado”, disse. “Nós estamos atualmente na máxima histórica de execução de investimentos.”

Em entrevista a jornalistas, o ministro afirmou que os investimentos na rodovia leiloada vão ajudar a melhorar a competitividade do agronegócio brasileiro, visto que a rota é um importante corredor de escoamento da produção do Centro-Oeste do país.

“O Brasil cresceu em produção de soja de um ano para o outro mais do que a China produz [anualmente]. E a China é o quarto maior produtor de soja do mundo. Então isso, obviamente, precisa de muito mais logística, precisa de estrada, ferrovia, porto.”

Renan destacou também que, com o trecho concedido nesta quinta, todo o corredor logístico que liga o porto de Santos à hidrovia do rio Madeira está agora nas mãos da iniciativa privada.

O consórcio vencedor, nomeado Rota Agro Brasil, é composto também pelo fundo de investimentos Camaçari e as empresas Sobrado Consturção e GAE Construção e Comércio. Atualmente, a Azevedo e Travassos é responsável pela concessão da Rota Verde Goiás, rodovia que liga Goiânia a Itumbiara.

Na etapa viva-voz, foram 11 rodadas de lances, com aumentos de 0,10% de um para outro. O consórcio da empreiteira superou a oferta de 19,60% da Way, que não fez nova proposta e encerrou sua participação.

Como tem sido praxe na modelagem adotada nos leilões atuais, caso o corte na tarifa ofertado seja superior a 18%, a companhia precisa fazer um aporte de recursos no projeto, que vai inteiramente para a conta da concessão e é utilizado, por exemplo, na execução de obras não previstas. A ideia é evitar ofertas muito ousadas sem compromisso real.

A Rota Agro é a primeira concessão rodoviária federal do segundo semestre de 2025 e inaugura a série de leilões que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende fazer até o fim do ano.

Os certames deste segundo semestre (dez ao todo) abrangem, sobretudo, novos projetos, mas há na carteira também otimizações de contratos estressados (concessões antigas que fracassaram e precisaram passar por repactuação). São os casos dos leilões de otimização da Autopista Fluminense (RJ), da Autopista Fernão Dias (MG e SP) e da Autopista Régis Bittencourt (SP e PR).