RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Dez policiais militares foram presos nesta quinta-feira durante a terceira fase da Operação Patrinus, da Promotoria do Rio de Janeiro. A investigação mira grupos criminosos formados por PMs da Baixada Fluminense suspeitos de obrigar comerciantes a pagar por segurança.

Segundo a investigação, os policiais recebiam propina semanal de comerciantes para oferecer segurança armada durante o expediente no batalhão de Belford Roxo. Eles usavam viaturas, uniformes e armamento da corporação para o serviço particular.

Os lojistas que aderiam ao esquema eram chamados de padrinhos e recebiam presença constante de policiais e rotas de patrulhamento adaptadas para seus estabelecimentos. Em alguns casos, um mesmo comerciante era extorquido por mais de um grupo de policiais da unidade, segundo a Promotoria.

A Polícia Militar afirmou, em nota, que realizou a operação de forma conjunta com a Promotoria. Segundo a corporação, os agentes foram encaminhados para a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar e, posteriormente, serão conduzidos à Unidade Prisional da Corporação.

Os mandados, expedidos pela Auditoria da Justiça Militar, foram cumpridos na capital e nos municípios de Duque de Caxias, Belford Roxo, Magé e Nova Iguaçu, com apoio da CGPM (Corregedoria-Geral da Polícia Militar).

Esta etapa mira um setor diferente do batalhão. Em julho, o a promotoria já havia denunciado outros 11 policiais do mesmo batalhão por esquema semelhante de cobrança de propina. A denúncia afirma que o modelo “subverte a lógica da segurança pública” ao transformar um serviço gratuito em atividade paga mediante exigência ilegal.

A operação começou em maio de 2024, quando 13 agentes foram presos sob suspeita de organização criminosa, corrupção passiva e peculato. Segundo a denúncia, o grupo vendia armas e drogas apreendidas, cobrava propina para não reprimir irregularidades de motoristas de transporte alternativo e de mototaxistas e exigia taxas semanais de comerciantes.

Na segunda fase, em julho de 2025, nove PMs foram presos sob suspeita de oferecer segurança privada durante o expediente. Entre os estabelecimentos que contrataram o serviço ilegal estavam restaurantes, mercados, postos de combustíveis, farmácias, universidades, feiras livres e um posto do Detran (Departamento Estadual de Trânsito).