SÃO PAULO, SP E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Justiça determinou o afastamento, pelo período de um ano, do prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (Podemos). Ele é um dos alvos de uma operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta quinta-feira (14) para apurar corrupção e lavagem de dinheiro na prefeitura da cidade na Grande São Paulo. Policiais cumprem dois mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão.
A 4ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) autorizou a ação, que determinou, além do afastamento dos cargos, a quebra de sigilo bancário e fiscal dos alvos, que incluem dois vereadores, um secretário municipal e um servidor público.
A PF atua em São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá e Diadema, na ação denominada Operação Estafeta. O tribunal negou a prisão de Lima, mas o uso de tornozeleira eletrônica, como medida cautelar diversa da prisão.
A reportagem procurou a prefeitura de São Bernardo do Campo na manhã desta quinta e aguarda posicionamento da gestão municipal.
Ao todo, 70 policiais federais cumprem a medidas que incluem duas prisões temporárias, 20 mandados de busca e apreensão, além de afastamento de sigilos bancário e fiscal.
Também foram determinados os afastamentos cautelares dos cargos públicos de dois vereadores, um secretário municipal e de um servidor público, todos da administração do município de São Bernardo do Campo, além de um servidor público da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O afastamento foi divulgado pela TV Globo e confirmado pela Folha de S.Paulo.
A reportagem procurou a Câmara de São Bernardo do Campo, que disse ainda não ter um posicionamento sobre o caso.
Entre os alvos de prisão estão o dono de uma construtora que tem contrato com a prefeitura, identificado como Edmilson Carvalho, sócio da Terraplanagem Alzira Franco. Os agentes localizaram R$ 400 mil na casa dele. Já o servidor municipal Antonio Rene da Silva, diretor Secretaria de Coordenação Governamental de São Bernardo, foi preso. A Folha de S.Paulo tenta localizar as defesas deles.
Além dos valores encontrados na casa do sócio da construtora, outros R$ 948,5 mil foram apreendidos em uma empresa de comércio e distribuição de medicamentos.
A investigação iniciou-se em julho de 2025, a partir da apreensão de 14 milhões em espécie (entre reais e dólares), encontrados com um servidor público vinculado aos investigados. Com a análise de materiais apreendidos, foi desvendado um esquema estruturado entre a alta administração municipal, segundo a investigação.
Servidores públicos realizariam o papel de operadores financeiros responsáveis pelo recebimento, circulação, e destinação de dinheiro em espécie, com empresas contratadas pelo próprio município.
Os elementos colhidos pela PF também apontam para o recebimento de vantagens indevidas, em dinheiro, de empresas que mantêm contratos altos com o município ou com a Fundação ABC.
O esquema também envolveria o pagamento de diversas despesas pessoais do prefeito e de seus familiares, com indícios de depósitos fracionados para burlar os sistemas de controle financeiro, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
O Paço Municipal da Prefeitura de São Bernardo do Campo seria um dos locais de gerenciamento dessas transações, de acordo com as apurações da polícia.
Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e corrupção ativa, cuja penas somadas podem chegar a 39 anos de prisão.
A notícia da operação na manhã desta quinta-feira, apurou a Folha de S.Paulo, deixou servidores da prefeitura surpresos. Já uma reunião do Consórcio Intermunicipal Grande ABC prevista para esta manhã, foi cancelada. O evento contaria com as presenças do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB).