RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Justiça do Rio de Janeiro autorizou Marlon Brendon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo, a fazer shows fora do estado e devolveu uma BMW que havia sido retida durante a prisão dele.

A decisão judicial, publicada nesta quinta-feira (14), também dispensa a obrigação de comparecer mensalmente em juízo até o dia 10 de cada mês para informar e justificar suas atividades.

O artista é investigado sob suspeita de apologia ao crime, envolvimento com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, supostamente oriundo da facção CV (Comando Vermelho).

A juíza substituta Beatriz de Oliveira, da 1ª Vara Criminal Regional de Jacarepaguá, considerou que as restrições retiradas prejudicavam o exercício da atividade profissional do cantor, que sustenta direta e indiretamente outras pessoas e famílias. Em sua decisão, afirmou que não há indícios de que a BMW tenha sido usada como instrumento de crime ou que seja relevante para a investigação.

O advogado de Poze, Fernando Henrique Cardoso Neves, declarou que recebeu as decisões com tranquilidade e disse que há ilegalidades no pedido de prisão.

Após ser beneficiado por habeas corpus e liberado em 3 de junho, Poze passou a cumprir seis medidas cautelares, das quais quatro permanecem válidas: permanecer à disposição da Justiça, informando telefone para contato imediato; não mudar de endereço sem comunicar ao juízo; não se comunicar com investigados, testemunhas ou pessoas ligadas à facção; e entregar o passaporte à Justiça.

A soltura dela foi marcada pela aglomeração de centenas de fãs na saída do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro.

RELEMBRE A PRISÃO

MC Poze foi preso no dia 29 de maio por policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes do Rio de Janeiro suspeito de apologia do crime e por suspeita de envolvimento com o CV.

A prisão temporária, de 30 dias, ocorreu no do Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. A Justiça concedeu liberdade ao cantor cinco dias depois da prisão, em 3 de junho.

De acordo com as investigações, o cantor faz shows exclusivamente em áreas dominadas pelo CV, com a presença ostensiva de traficantes com armas de grosso calibre, como fuzis, garantindo a segurança do artista e do evento.

O advogado de Poze afirmou que “essa é uma narrativa antiga e já debatida”.

A investigação aponta também que o repertório das músicas faz apologia do tráfico de drogas, do uso ilegal de armas de fogo e incita confrontos armados entre facções rivais.

“Esses eventos são estrategicamente utilizados pela facção para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes, revertendo os recursos para a aquisição de mais drogas, armas de fogo e outros equipamentos necessários à prática de crimes”, afirmou a polícia.

Um vídeo de um show do MC Poze na Cidade de Deus, zona oeste, consta no inquérito sobre apologia do tráfico que resultou na prisão do artista. Nele, Poze canta músicas que exaltam chefes do Comando Vermelho. Na plateia, um homem portava um fuzil e também filmava a apresentação.

O show foi realizado em 17 de maio, dois dias antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, atingido por um tiro na cabeça na mesma favela, que é um dos principais redutos da facção.

Lourenço era da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), grupo que atua somente em áreas de riscos em apoio a outras unidades. O agente morto havia sido subsecretário de Ordem Pública do Rio e era diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis.

Poze também foi denunciado, no dia 1º de agosto, por tortura e extorsão contra o ex-empresário. Sua defesa nega.