SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em uma palestra no Instituto de Engenharia nesta quarta-feira (13), o vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo (PL), anunciou a criação de uma espécie de operação delegada para que policiais militares da ativa passem a dar aula de educação física para crianças e adolescentes no contraturno escolar.

As aulas poderão ser dadas por inclusive policiais que atuam no policiamento de rua, nos horários de folga. “É até uma forma de eles relaxarem do trabalho do dia a dia”, comentou Mello Araújo para a plateia.

A operação delegada é um projeto em que policiais militares são contratados em seus horários de folga para reforçar o trabalho de segurança na cidade. Os PMs atuam em atividades como o combate ao comércio ambulante e apresentação de artistas de rua de modo irregular, auxílio no combate à pichação, depredação e descarte irregular de lixo.

O militar é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) durante a sua gestão. Durante sua fala, Mello Araújo chegou a defender a intervenção norte-americana na política nacional. “Ninguém está acima de Deus, se quem quem a obrigação de defender a Constituição não faz, se os senadores não fazem o que devem fazer, alguém precisa vir de fora para fazer”, disse.

Mello Araújo, que foi comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), diz que a iniciativa é uma maneira de criar atividades para as crianças e adolescentes e mantê-las longe de possibilidade de aliciamento pelo crime. Ele diz que o projeto ainda está em fase de assinatura de convênios e deve ter início ainda no segundo semestre deste ano.

Segundo ele, o projeto deve começar nos 46 centros esportivos municipais, com dois policiais por equipamento. “Ainda é um plano piloto, queremos chegar a 200 policiais”, afirma. Ele diz que a prefeitura pensa em ampliar o projeto para oferecer em clubes particulares. “Já estamos em contato com os clubes, podemos negociar a adesão em troca do abatimento de dívidas que eles têm com a prefeitura, por exemplo”, diz.

A proposta é contratar policiais, independentemente de grau ou patente, por 1,2 UFESP (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo), por hora trabalhada (pouco mais de R$ 44, em valores atuais). Em nota, ele afirma que poderão aderir profissionais “com graduação (bacharelado, no mínimo) em educação física, seja pela Polícia Militar ou por outras Unidades de Ensino Superior”. Mas não detalha como será a contratação e a remuneração para outros profissionais, nem a forma de contratação.

O vice-prefeito afirma que a contratação de policiais é baseada na “ampla atuação e vocação em atividades comunitárias” da PM e também na “sólida formação profissional nesta área, com livre docência” dos policiais formados dentro da instituição para atuar neste segmento.

O uso de policiais militares na operação delegada já é alvo de críticas das entidades de defesa dos direitos humanos, assim como a utilização de PMs na educação é alvo de críticas de especialistas. Também aliado de Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) trabalha pela implantação de escolas cívico-militares no estado.

Segundo ele, os profissionais passarão por uma “capacitação pedagógica, apresentação do projeto, conhecimento dos locais de execução e capacitação para adequar o voluntário às questões administrativas”.

Os alunos poderão se inscrever nos centros esportivos onde pretendem iniciar a atividade. Os policiais devem dar aulas de esportes coletivos (futsal, futebol, voleibol, basquetebol e handebol), individuais (atletismo e natação) e atividades físicas (ginástica, alongamento, condicionamento físico e hidroginástica).