Da Redação
Um levantamento da Secretaria do Tesouro Nacional colocou o Paraná e Goiás à frente de São Paulo quando o assunto é a capacidade de manter as contas públicas em ordem. A análise, feita pelo Broadcast Político, avaliou indicadores fiscais de governadores que despontam como possíveis candidatos à Presidência em 2026.
Embora os cinco Estados analisados —Paraná, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul— adotem discursos de austeridade, a realidade é desigual. Quatro deles concentram 76% de toda a dívida com a União, sendo São Paulo o líder isolado em valor absoluto, com R$ 292,9 bilhões. Mesmo assim, o Paraná se destaca com nota máxima A+ na Capacidade de Pagamento (Capag), índice que mede o risco fiscal e influencia diretamente o acesso a crédito mais barato.
O desempenho do Paraná
Sob gestão de Ratinho Jr. (PSD), o Estado manteve nos últimos anos despesas com pessoal abaixo do limite prudencial e estabeleceu cortes expressivos em gastos não essenciais, estimados em R$ 2,3 bilhões. Essas medidas fortalecem indicadores como a Poupança Corrente, ajudando a preservar a nota máxima.
A trajetória de Goiás
Em Goiás, governado por Ronaldo Caiado (União Brasil), a dívida consolidada continua em queda proporcional à receita. O índice, que fechou 2024 em 65%, pode chegar a 61,3% em 2027, próximo do patamar exigido para a nota A no Capag. Nos dois primeiros bimestres de 2024, o Estado recebeu avaliação “A” em todos os critérios do Tesouro.
O caso paulista
Tarcísio de Freitas (Republicanos) mantém nota B, mas administra um Estado com alta capacidade de gerar receitas e atrair investimentos. Sua gestão aposta em parcerias público-privadas e privatizações, como a da Sabesp, para reforçar o caixa —apesar de essas receitas extraordinárias não melhorarem diretamente a nota Capag.
Desafios no Sul e em Minas
Minas Gerais e Rio Grande do Sul enfrentam quadros mais críticos, com notas B e dependência de acordos com a União para alongar prazos de pagamento. No caso gaúcho, o adiamento de parcelas soma R$ 4,6 bilhões devido à calamidade provocada por eventos climáticos extremos.
O peso político do ajuste fiscal
Segundo o cientista político Eduardo Grin, da FGV, embora o discurso de corte de gastos seja bem recebido pelo mercado, ele nem sempre encontra eco no eleitorado. Temas como privatização, diz ele, “falam mais às elites e investidores do que ao público em geral”. Mensagens simplificadas, como críticas a privilégios no serviço público, tendem a ter maior alcance.