Da Redação
Depois de mais de uma década convivendo com crises debilitantes provocadas pela neuralgia do trigêmeo, a veterinária mineira Carolina Arruda, 28, começa nesta quinta-feira (14) um tratamento com infusão de cetamina, na Santa Casa de Alfenas (MG). A medida surge após várias tentativas frustradas de aliviar a dor, considerada pela medicina como uma das mais intensas que um ser humano pode suportar.
Segundo o médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico do hospital e chefe da equipe que acompanha Carolina, a cetamina —utilizada desde os anos 1960 como anestésico cirúrgico— também é indicada em casos específicos de dor crônica de difícil controle e depressão grave resistente a medicamentos convencionais. O fármaco age bloqueando receptores do sistema nervoso que amplificam os sinais dolorosos.
A aplicação será feita por via intravenosa, sob monitoramento hospitalar rigoroso. Dependendo da dose, o procedimento pode exigir internação em UTI e até sedação para minimizar os efeitos colaterais, que incluem alterações cardiovasculares, tontura, náuseas e alucinações. O tratamento pode reduzir o uso de opioides e melhorar o humor, mas só é recomendado em pacientes selecionados e acompanhados por profissionais especializados.
Carolina, que convive com o problema desde a adolescência, chegou a mobilizar seguidores nas redes sociais ao abrir uma vaquinha para custear um processo de eutanásia na Suíça, onde o procedimento é permitido por lei. Hoje, ela lidera a Associação Neuralgia do Trigêmeo Brasil, criada para oferecer suporte a outros pacientes.
Nas redes, a veterinária pediu sorte e contou que ficará internada por cinco dias. “A maior parte do meu dia é deitada, com dor, em crise”, desabafou.
A neuralgia do trigêmeo afeta o nervo responsável pela sensibilidade do rosto e pode provocar dores em choque na cabeça e na face, atingindo suas três ramificações: oftálmica, maxilar e mandibular. A equipe médica também avalia a possibilidade de realizar, futuramente, um congelamento do nervo, procedimento ainda em estudo.
