BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Senado aprovou a indicação da advogada Verônica Abdalla Sterman, indicada pelo presidente Lula (PT) para uma vaga no STM (Superior Tribunal Militar). O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trabalhou contra o nome dela.

O nome de Verônica Sterman foi aprovado por 51 votos favoráveis e 16 contrários. A advogada precisava de 41 apoios dos 81 senadores.

Filho de Bolsonaro a elogiou. Após dizer que conversou com ela nos corredores, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que mudou de opinião sobre a advogada e pediu que “ela seja juíza”.

Senadores também aprovaram indicações para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). O juiz Carlos Augusto Pires Brandão teve 63 votos favoráveis e 1 contrário.

Tia de prefeito de Maceió também foi aprovada pelo plenário. A procuradora Maria Marluce Caldas Bezerra foi aprovada com 64 votos favoráveis e nenhum contrário. O sobrinho acompanhou a votação da indicação dela.

Durantes meses, João Henrique Caldas, conhecido como JHC, fez uma intensa campanha junto ao PT para que Lula indicasse sua tia. A indicação foi realizada em julho e contemplou aliados políticos do petista, como o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).

Advogada teve sua formação questionada pelo líder do PL em comissão. Mais cedo, durante sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Carlos Portinho (RJ) disse que Verônica dizia ter um mestrado em Direito Processual Penal pela USP, mas que ela não concluiu o curso. Ele apontou que o perfil de Verônica no LinkedIn e veículos de comunicação dizem que ela é mestra, embora o currículo que ela entregou aos senadores diga “sem conclusão com a tese de defesa”.

“É uma informação conflitante”, disse Portinho. “O que está dito é que você tem mestrado, você não tem mestrado, você não é nem mestranda. […] Isso não lhe desqualifica de forma alguma, eu também não tenho, mas o que desqualifica é sustentar que tem mestrado.”.

Sites oficiais do governo e do STM citaram mestrado de Verônica quando Lula a indicou ao cargo. Verônica “realizou mestrado em Direito Processual Penal pela Universidade de São Paulo, com projeto de qualificação aprovado em 2018”, diz nota publicada pelo Planalto. “Sua trajetória acadêmica inclui um mestrado em Direito Processual Penal pela Universidade de São Paulo (USP), com projeto de qualificação aprovado em 2018”, diz no site do STM.

Verônica respondeu que interrompeu o curso e que a informação consta em seu currículo. A advogada afirmou que consultou o professor que a orientava no mestrado para ver como poderia colocar essa informação no currículo, de mestrado “sem conclusão com a tese de defesa”. “Foi orientação que eu colocasse dessa forma. Eu não tenho LinkedIn, não controlo o que está escrito lá. Eu não controlo o que se diz em sites, o que eu coloquei no meu currículo é a expressão da verdade”, falou.

Verônica explicou que fez a qualificação quando estava em uma gravidez de risco e com o pai internado, com câncer. “Fiz a banca entre uma internação e outra”, disse ela, que decidiu, então, interromper o curso. Qualificação faz parte do processo do mestrado, mas o título só é obtido com a entrega e aprovação da tese.

Advogada foi indicada por Lula em março deste ano. Verônica será a segunda mulher da história a integrar o posto mais alto da Justiça Militar —a primeira é Maria Elizabeth Rocha, empossada em 2007, indicada também por Lula.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) defendeu Verônica na CCJ e lembrou que títulos não são um critério para aprovação para o cargo. “Todos nós sabemos que os requisitos constitucionais para ocupar o cargo, para ser aprovado em sabatina, não requerem comprovação de títulos”, falou. “Isso não é comum, estou aqui há quatro mandatos, nunca vi uma interpelação, sobretudo para uma mulher, da forma que infelizmente o senador Portinho a fez.”.