RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A família de Ornaldo da Silva Viana, motorista de aplicativo morto após ser atingido por uma Porsche que estava a 136 km/h, enfrenta uma disputa judicial em meio ao luto. Uma instituição financeira cobra R$ 21,6 mil referentes às parcelas pendentes de um Renault Sandero, carro destruído no acidente fatal.

A viúva Francilene Morais de Caldas e os filhos, Luam e Lucas, disseram ao UOL receber mais de dez ligações diárias da instituição referente a quitação do automóvel, mesmo sabendo da morte de Ornaldo. O Sandero foi financiado em 48 parcelas, das quais 18 ainda estavam em aberto quando o acidente aconteceu.

Ornaldo da Silva Viana trabalhava como motorista de aplicativo em São Paulo, quando foi atingido a 136km/h pela Porsche de Fernando Sastre de Andrade Filho, que tinha indícios de embriaguez, segundo testemunhas. A colisão, que aconteceu em março de 2024, matou o homem na hora.

“Recebo várias ligações por dia até hoje. Sempre a mesma coisa, eles perguntando pelo meu marido, mesmo sabendo que ele morreu de forma trágica. Até os meus filhos são abordados pelos cobradores”, disse Franciele de Caldas, esposa de Ornaldo.

Para o advogado da família, Jair Sotero da Silva, a dívida do carro não deveria ser cobrada diretamente da viúva ou dos filhos, mas sim ser habilitada no processo de inventário. Em paralelo, ele critica o banco em ter financiado o carro sem ter firmado em contrato a obrigatoriedade de um seguro.

Na Justiça, a financiadora pede a apreensão do veículo, caso a dívida não seja quitada. De acordo com os parentes de Ornaldo, o Renault Sandero -totalmente destruído- está em um estacionamento próximo da casa da família.

Já Fernando Sastre, que dirigia a Porsche, aguarda julgamento por homicídio qualificado. Ele nega ter consumido álcool no dia do acidente. O advogado de Sastre defende ser um homicídio culposo, sem a intenção de matar.