SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de São Paulo fez uma operação contra uma quadrilha especializada em roubo a condomínios de alto padrão na manhã desta terça-feira (12). A Operação Shalom cumpriu 15 de 17 mandados de prisão e 51 de busca e apreensão em São Paulo, Diadema, Cotia, Jundiaí, Guarulhos e Osasco.
Foram 17 suspeitos presos ao todo dois deles já eram foragidos da Justiça. Entre os alvos estão integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo a Secretaria da Segurança Pública, 308 policiais civis participam da ação. Foram 15 presos por mandado e mais dois em flagrante.
O material apreendido inclui bolsas de grife, joias, um cofre, iPads, celulares, relógios e até um aparelho para atestar a qualidade de diamantes.
A investigação que deu início à operação começou após um roubo a um condomínio de alto padrão na Santa Cecília, bairro da região central da capital paulista, em 13 maio deste ano, segundo o delegado Ronald Quene, da 1ª Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas).
Os criminosos foram ao local na noite anterior à invasão usando uniformes de empresa de telefonia para cortar os cabos de internet, interrompendo o funcionamento dos sistema de monitoramento.
Os ladrões armados invadiram ao menos seis apartamentos, onde fizeram moradores reféns inclusive crianças e idosos, de acordo com a polícia. O grupo fugiu levando dinheiro, bebidas, relógios, bolsas e joiasavaliadas, segundo a polícia, em R$ 3 milhões. O bando contava inclusive com um aparelho para atestar a qualidade de diamantes, mostrou o delegado Quene, e um dos presos era receptador.
Também foram apreendidas armas longas modificadas, que não teriam uso, mas serviriam para intimidação, um simulacro de arma de fogo e uma pistola.
Durante o planejamento da ação, o mentor do roubo circulava pela área de carro para monitorar o entorno, inclusive a movimentação policial. Ele foi identificado pela polícia como Cleudson da Silva, o Zangado, que se declarou integrante do PCC. “Ele foi responsável por montar o tabuleiro, chamou pessoas conhecidas dele para invadir o condomínio”, afirmou o delegado Quene.
“No roubo eles tiveram informação privilegiada, logicamente, porque houve a clonagem de laca de um morador e eles sabiam como funcionava o ingresso no condomínio”, disse o delegado. Com exceção de dois dos presos nesta terça, todos se declararam faccionados, afirmou.
Cleudson foi preso em 22 de maio, nove dias após o roubo. A Folha de S.paulo não localizou a defesa dele. Outros três casos, também em áreas nobres, como Higienópolis, são associados ao bando.
Os suspeitos presos eram todos experientes, afirmaram os policiais. “É um grupo estruturado. Usaram balaclavas, máscaras, luvas, produtos químicos nas pontas dos dedos, veículos blindados e com placas adulteradas e renderam portaria”, disse Quene.
De acordo com o delegado-geral, Artur Dian, 13 dos 15 presos com mandado nesta terça já tinham passagem pela polícia. “São reincidentes por crimes de roubo, porte de arma e tráfico de entorpecentes.” O chefe da Polícia Civil afirmou também que as investigações vão prosseguir.
Já para entrar no local no dia do roubo, usaram placas clonadas com as mesmas informações do carro de um dos moradores. O grupo rendeu os funcionários da portaria e permitiu a entrada do restante da quadrilha que usava uma BMW X3 e um Chevrolet Onix, também clonados.
O codinome da operação, segundo o governo, remete à palavra usada como saudação e despedida por judeus, que seriam os principais alvos da quadrilha.
Na semana passada, criminosos invadiram um condomínio em Moema e renderam um homem de 63 anos que entrou no próprio apartamento e foi surpreendido pelos assaltantes. Eles levaram dinheiro, cartões bancários e outros pertences, e fugiram do local com o carro da vítima. O caso ocorreu dias depois de um grupo de 15 homens armados invadir um prédio na mesma rua.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostrou que bairros ricos da capital, como Morumbi e Campo Belo, concentram os roubos a residências, apesar da queda geral. Os casos também se concentraram em locais como Vila Clementino, Cambuci e Pinheiros, os três no centro expandido da capital.
O método do assalto a residências varia de acordo com a quadrilha. Há grupos que levam tudo o que podem carregar da casa, e chegam a simular uma espécie de mudança. Outros preferem cofres, joias e dinheiro em espécie. Muitas vezes fogem com os pertences no próprio carro da vítima.