RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Dos pontos turísticos do centro do Rio, a Confeitaria Colombo talvez seja um dos mais bonitos. Símbolo da belle époque carioca e há 131 anos na ativa, ela impressiona por seus salões sob a claraboia art nouveau, espelhos belgas, móveis de jacarandá e balcões de mármore de Carrara. Clientes se encantam com o que a vista alcança, em todos os detalhes decorativos e arquitetônicos.
Nessa maravilha de cenário, porém, a experiência gastronômica fica em segundo plano. Se já foi point de intelectuais como Machado de Assis e Heitor Villa-Lobos, hoje é um lugar escancaradamente turístico, que fatura até com fotos de profissionais contratados para fazer o clique dos visitantes (cada retrato sai entre R$ 30 e R$ 40, a ser negociado).
A ficha começa a cair quando, depois de um tempo na fila (sempre há), o comensal senta-se à mesa e se depara com sachês mequetrefes de catchup, guardanapos de papel embalados separadamente e manteiga em porções individuais, como nos bufês de café da manhã de hotéis medianos. Seria mais condizente ter temperos bem apresentados, talheres e louças elegantes, não?
Mas os turistas parecem não se importar com isso. Nem com a baixa qualidade do que é servido. Paga-se caro para comer o salgado de camarão VM empanado com queijo (R$ 40), massaroca em formato de quibe que envolve grosseiramente um único camarão.
Uma bomba, que precedeu o clássico da casa: a coxa creme (R$ 29), coxa e sobrecoxa de frango empanadas com uma leve película de creme sob a casca disforme. Só isso mesmo. Não há um detalhe que torne o quitute, já pouco saboroso, especial. Deitou na fama, o que acontece com a Colombo como um todo.
Patrimônio cultural material e imaterial do Rio, a confeitaria sabe tirar proveito da moral que tem, e passa a impressão de não se esforçar minimamente para entregar bons pratos, à exceção das sobremesas, especialidade do chef executivo Thiago Faro.
A torta de chocolate e cereja com chantili (R$ 26,50) estava boa, molhadinha e das poucas opções com bom custo-benefício, assim como a tartelete de maracujá com banana, de massa crocante (R$ 24).
Doces à parte, a Colombo é consistentemente ruim em salgados, sanduíches e principais. Passam a impressão de serem feitos sem o menor cuidado, com pressa (é preciso “rodar a mesa”).
O salpicão de frango, a extorsivos R$ 74, chega a indignar. Longe de ser uma salada, trata-se de uma pasta cremosa, como as que recheiam os sanduíches vendidos na praia ou nas casas de suco, a um terço do preço.
O picadinho com arroz, farofa com bacon e linguiça, ovo poché e couve (R$ 82)… bem, sobre ele o garçom deve estar acostumado a ouvir reclamações de quem fala português, já que não hesitou quando eu disse que minha farofa não veio agraciada com as carnes de porco, era só farinha mesmo. “Quer devolver?”. Devolvi.
Outro prato de resistência, a torrada Petrópolis (duas fatias, manteiga, geleia e ricota à parte, R$ 35), estava OK, assim como o club sandwich de peito de peru (R$ 66), os dois únicos pedidos, além das sobremesas, pelos quais não me senti uma trouxa ao pagar a conta na Colombo. Também não voltaria por eles. E sim pelo ambiente, que realmente vale a pena. Vá pelo passeio.
CONFEITARIA COLOMBO
Avaliação Ruim
Onde R. Gonçalves Dias, 32, Centro, @confeitariacolombo