SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O youtuber Felipe Bressanim Pereira, o Felca, relatou que tem sofrido ameaças e passou a andar de carro blindado e acompanhado de seguranças depois de ter publicado vídeos com denúncias sobre exploração sexual de crianças e adolescentes e o envolvimento de influenciadores com apostas esportivas, as bets.

“[Estou recebendo] muitas [ameaças], de assuntos delicados. Muitas, muitas. Comecei a andar com carro blindado e segurança. Muitas ameaças, sim. A questão das bets, por exemplo, vieram muitas ameaças”, disse, em entrevista ao podcast PodDelas.

Ele afirmou ainda haver uma ameaça de processo no caso da adultização de crianças, “mas é o lado da verdade”.

Em um vídeo publicado na última semana, Felca citou diversos casos em que crianças têm sua imagem explorada, tanto por pais quanto por outros adultos, que lucram com os vídeos publicados. Em alguns deles, as crianças aparecem em contextos sexualizados ou frequentando ambientes com adultos, como baladas, o que é chamado de adultização.

Entre os casos, ele citou o do influenciador Hytalo Santos. Felca criticou os conteúdos promovidos por ele nas redes sociais, que incluem dinâmicas em que adolescentes se beijam, frequentam festas com consumo de bebidas alcoólicas e aparecem em danças sensuais, e o acusa de lucrar com a sexualização juvenil.

Ele é investigado pelo Ministério Público da Paraíba desde dezembro de 2024 sob suspeita de exploração de crianças e adolescentes e por trabalho infantil. Além disso, uma força-tarefa entrou com uma ação civil pública em que à Justiça que o influenciador não tenha mais acesso às redes sociais e que os jovens que estejam sob sua tutela retornem para suas famílias.

Hytalo foi procurado por email, mas não respondeu. Há poucos meses, ele usou as redes sociais para se defender e afirmou que ele e os jovens formam uma família não tradicional.

De acordo com a promotora Ana Maria França, responsável pelo caso, a investigação começou após o condomínio em que Hytalo morava com os jovens relatar situações de “exposição de crianças e adolescentes com barulho e conteúdos de conotação sexual, embora de forma subliminar”.

Ao podcast Felca também relatou ter levado cerca de um ano para produzir o vídeo, coletando informações e com a ajuda de uma psicóloga para explicar os riscos da adultização de crianças e adolescentes.

“A gente fala sobre esses casos e de como algoritmo favorece. Você vê que o público dessa criança, por exemplo, não são pessoas que estão engajadas no conteúdo que a criança está fazendo. É um público de pedófilos. Você vê nos comentários que são pessoas mandando coraçãozinho, falando para mostrar mais.”

“Os pais incentivam isso porque eles entendem que existe o universo de consumidores sobre isso. Os vídeos monetizam, e os pais expõem a criança a isso”, afirmou o youtuber.