SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (11) um decreto estendendo a pausa nas tarifas americanas sobre as importações chinesas, programada para expirar nesta terça (12), por mais 90 dias.

Após a assinatura de Trump, o Ministério do Comércio da China disse, na noite desta segunda, que também suspenderá as tarifas adicionais sobre os produtos americanos por mais 90 dias.

A China manterá suas tarifas sobre produtos dos EUA em 10%, segundo comunicado do governo, e tomará medidas para lidar com barreiras não tarifárias enfrentadas por produtos americanos.

Nesta segunda de manhã, Trump evitou comentar sobre a chance de prorrogar o prazo para a entrada em vigor de tarifas mais alta sobre produtos chineses, dizendo a repórteres: “Veremos o que acontece”. Ele, entretanto, elogiou a postura de autoridades chinesas durante as negociações.

“Estamos lidando muito bem com a China. Como vocês provavelmente já ouviram, eles têm tarifas enormes que estão pagando aos Estados Unidos”, disse Trump a repórteres.

No domingo (10), Trump havia pedido para que o país asiático quadruplicasse rapidamente suas compras de soja, o que fez com que os preços da commodity em Chicago disparassem.

Não ficou claro se garantir o acordo da China para comprar mais soja dos EUA foi uma condição para estender a trégua, já que Trump busca reduzir o superávit comercial da China com o país.

Maior comprador de soja do mundo, a China importou cerca de 105 milhões de toneladas do grão no ano passado, um pouco menos de um quarto vindo dos Estados Unidos e a maior parte do restante do Brasil. Quadruplicar os embarques exigiria que a China importasse dos EUA a maior parte de sua soja.

Em maio, os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo para reduzir temporariamente as tarifas recíprocas e, desde então, tem reforçado as negociações comerciais.

Como parte do acordo, os Estados Unidos reduziram de 145% para 30% as tarifas adicionais sobre produtos chineses (10% de taxa básica, mais 20% relacionados ao tráfico da droga fentanil). A China, por sua vez, diminuiu as taxas sobre importações americanas para 10% (eram 125%). O país asiático também disse ter suspendido ou cancelado medidas não tarifárias tomadas contra os EUA.

Trump disse, à época, que as tarifas sobre importações da China não voltariam a 145% após a pausa de 90 dias. Entretanto, sinalizou que as tarifas dos EUA sobre produtos chineses poderiam aumentar, caso os países não atingissem um acordo definitivo.

Ambos países voltaram a se reunir em julho, em conversas lideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pelo vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng —a terceira rodada de conversas entre Washington e Pequim em menos de três meses.

O secretário do Tesouro Scott Bessent admitiu, após a reunião, que EUA e China discutiram uma possível nova extensão da trégua, mas que a decisão dependia da aprovação de Trump. Ele classificou o encontro como “muito construtivo”.

Bessent disse que os dois lados também debateram a exportação de ímãs de terras raras da China para os EUA, que foram retomadas.

A guerra comercial entre os países se intensificou após o “Dia da Libertação” em abril. Entre os países tarifados no dia, a China recebeu a maior taxa, de 34% (que se somava a uma tarifa de 20% já existente).

Pouco menos de uma semana depois, em 9 de abril, Trump aumentou suspendeu por 90 dias a maior parte de suas tarifas específicas para cada país, mas elevou para 125% as taxas sobre produtos chineses (o que, incluindo as tarifas relacionadas ao fentanil impostas anteriormente, elevou a tarifa de Trump sobre o país para 145%).

A China retaliou e elevou as tarifas dos EUA para 125%. Xi Jinping, ao subir as taxas, afirmou que “não há vencedor numa guerra de tarifas, e ir contra o mundo levará ao isolamento”.