SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta segunda-feira (11) que São Paulo vive uma epidemia de crimes praticados por condutores de motocicletas.

A frase foi dita em entrevista ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), no centro da capital paulista, durante apresentação de 100 motocicletas, da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar, equipadas com câmeras capazes de ler placas de outros veículos.

Integradas à central de monitoramento do Smart Sampa (programa de vigilância da prefeitura por meio de câmeras), uma das funções dos equipamentos é identificar placas adulteradas que circulam em motos na cidade de São Paulo. Ou flagrar motocicletas roubadas.

Ao identificar qualquer irregularidade, o sistema gera um alerta imediato e a central envia as informações para a mesma equipe que captou a imagem, possibilitando abordagens mais rápidas.

“É gente que adultera placas”, disse Tarcísio. “Se estabeleceu um comércio de bags [bolsas de aplicativo de entrega de comida] e de armas. Às vezes, como forma de pagamento [para esses objetos], há um celular roubado.”

Durante o evento desta segunda-feira, que conto com a cúpula da segurança pública do estado e da cidade, como os secretários de segurança municipal) e estadual, e os chefes das polícias Civil e Militar, foi lembrado o caso do ciclista Vitor Medrado, 46, assassinado em fevereiro passado pelo garupa de uma motocicleta com placa falsa, durante roubo de celular.

O crime ocorreu ao lado do parque do Povo, no Itaim Bibi (zona oeste da capital). Suspeitos do latrocínio, condutor e garupa da moto, identificada por câmeras de monitoramento, estão presos.

Os registros do percurso por câmeras mostraram que ele [condutor] foi até Paraisópolis, comunidade da zona sul.

“Na casa da Mainha do Crime [em Paraisópolis], além das bags falsas para se achar que [o ladrão] era um entregador, tinham dez placas falsas”, afirmou o prefeito.

Presa em fevereiro, Suedna Barbosa Carneiro, 41, conhecida como Mainha do Crime, é suspeita de chefiar uma quadrilha que agenciava vários crimes em São Paulo, como os que terminaram com as mortes do delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior e do ciclista Vitor Medrado.

O inquérito policial mostrou que ela pagava até R$ 2.000 por celular roubado. Na época da prisão, a defesa negou envolvimento com mortes e não reconheceu objetos apreendidos.

Tanto o prefeito quanto o governador reclamaram do fim dos lacres nas placas de veículos, com a implantação do modelo Mercosul, a partir de 2018.

“É fundamental que a gente aumente as camadas de segurança com relação a essas motocicletas que passam pela cidade”, disse Tarcísio.

Nunes enviou em junho um ofício ao Ministério dos Transportes pedindo a volta do lacre. Questionada sobre a solicitação do prefeito, a pasta do governo Lula (PT) diz que o documento está em análise.

Apesar de dizer que números da criminalidade caíram, Tarcísio admitiu que a sensação de segurança, não.

Segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança divulgados no fim de julho, a cidade de São Paulo viu crescer de forma significativa o número de homicídios no 1º semestre deste ano no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Em seis meses foram 268 assassinatos ante 232 registros de janeiro a junho de 2023, alta de 15%. Foi a maior notificação de mortes com intenção desde 2021, quando houve 318 vítimas.

Crime que reflete diretamente na sensação de segurança da população, segundo especialistas, o latrocínio (roubo seguido de morte) teve uma ligeira queda em São Paulo, com seis vítimas a menos no semestre, que anotou 21 ocorrências.

Tarcísio voltou a defender endurecimento das leis nesta segunda-feira. “Não adianta prender 20 ou 30 vezes o mesmo camarada e ele não ficar preso. O assassino do Vitor Medrado era reincidente.”

O governador citou em seu discurso outros casos de vítimas mortas em latrocínios envolvendo criminosos reincidentes.