RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O empresário João Ricardo Mendes, fundador e ex-diretor executivo da Hurb (antigo Hotel Urbano), deixou a prisão no Rio de Janeiro por decisão da 32ª Vara Criminal, datada de 21 de julho e divulgada nesta segunda-feira (11).
Mendes estava preso havia quase 90 dias e seguirá em liberdade sob monitoramento eletrônico, proibição de contato com vítimas e testemunhas, entrega de passaporte e acompanhamento psiquiátrico semanal, com envio de relatórios mensais à Justiça.
Ele foi preso em flagrante em 25 de abril, acusado de furtar obras de arte e objetos de um hotel e de um escritório de arquitetura na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.
A Folha tentou contato com o advogado Rodrigo Gurgel do Amaral, que representa o empresário, mas obteve retorno até esta publicação. Na ação, a defesa sustenta que o empresário, diagnosticado por médicos como portador de psicose maníaco-depressiva, não tinha plena capacidade de compreender ou se autodeterminar no momento dos fatos.
Segundo a Justiça, esse argumento só poderá ser analisado após a perícia psiquiátrica. A decisão determinou a instauração de um incidente de insanidade mental, para que uma perícia avalie se Mendes tinha plena capacidade de entender o caráter ilícito de suas ações à época dos crimes. O laudo deverá responder a quesitos como a existência de doença mental, eventual comprometimento da consciência e tratamentos recomendados.
Segundo a denúncia, ele se passou por entregador de aplicativo, eletricista e até simulou passar mal para entrar e sair dos locais com os bens. Entre os itens supostamente levados estão quadros avaliados em até R$ 50 mil, esculturas, carteiras de grife, cartões, documentos e equipamentos eletrônicos. Parte do material foi recuperado, mas uma obra ainda não foi localizada.
Na decisão, o juiz afirma que há imagens dos fatos e depoimentos que sustentam a hipótese acusatória, indicando, em tese, premeditação. Ele rejeitou o pedido de absolvição sumária e manteve as acusações de furto qualificado e adulteração de sinal identificador de veículo, já que Mendes teria usado uma motocicleta sem placa durante a ação.
A Hurb, empresa fundada por Mendes, enfrenta crise desde 2023, marcada por ações judiciais e queixas de consumidores sobre cancelamentos e falta de estornos. O Ministério da Justiça chegou a dar prazo de 48 horas para que a empresa comprovasse ter recursos para honrar pacotes vendidos, e o Procon-SP suspendeu a venda de pacotes flexíveis.
Em setembro de 2024, a plataforma lançou um sistema para negociar dívidas com clientes. Mendes e outros sócios viraram réus por estelionato no mesmo ano, acusados de não ressarcir uma cliente em quase R$ 4.000.