SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A prisão da advogada e ativista Martha Lía Grajales pelo regime do ditador Nicolás Maduro na sexta-feira (8), em Caracas, gerou reações da ONU (Organização das Nações Unidas) e de figuras da esquerda latino-americana que historicamente evitavam condenar publicamente a repressão chavista.

O alto comissário para os direitos humanos da ONU, Volker Türk, exigiu nesta segunda (11) a libertação imediata de Grajales. “Seus familiares e seu advogado Ela, que dirige a ONG SurGentes e no passado apoiou o ex-presidente Hugo Chávez, rompeu com o regime de Maduro após a dura repressão das manifestações contra o resultado do pleito de julho de 2024, que reelegeu o ditador e foi contestado internacionalmente devido a evidências de fraude.

Os confrontos deixaram 28 mortos, cerca de 200 feridos e mais de 2.400 presos, dos quais 2.000 foram libertados até o momento. Os detidos são processados por crimes como “incitação ao ódio” e “terrorismo” que podem levar a penas de 10 a 30 anos.

Grajales foi presa na sexta ao deixar uma manifestação em frente ao escritório das Nações Unidas em Caracas, convocada para pressionar o regime pela soltura dos opositores que ainda não foram liberados.

Segundo o comunicado da ONG, ela foi escoltada por supostos agentes da Polícia Nacional Bolivariana e colocada em uma caminhonete cinza, sem placa e sem identificação.

Três dias antes, em 5 de agosto, Grajales participou de uma vigília diante do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). O ato, de acordo com a SurGentes, foi violentamente dispersado por grupos parapoliciais que atuam como força de choque do governo.

Até o momento, não se sabe o paradeiro de Grajales.

O caso também provocou reações inéditas de grupos e figuras da esquerda latino americana. O grupo Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, que historicamente tem uma relação próxima ao kirchnerismo na Argentina, emitiu uma nota solicitando que ela seja solta e os responsáveis “submetidos à Justiça penal internacional”.

O Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, que no mês passado visitou Cristina Kirchner em prisão domiciliar em Buenos Aires, assinou uma carta intitulada “Defender os direitos humanos das pessoas humildes não é crime: Liberdade imediat.a para Martha Lía Grajales” com dezenas de ativistas latino-americanos.

Parlamentares argentinos do partido Frente de Esquerda também se pronunciaram contra a repressão do regime.