SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Não está barato fazer sexo no Brasil, afirmam praticantes de swing. A procura pelo fetiche só aumenta, assim como o preço do ingresso em espaços voltados à prática. Resultado: a troca de casais está trocando de cenário, dizem os frequentadores.

As casas liberais, com cenários temáticos, cedem espaço para encontros mais intimistas, organizados pelos próprios adeptos em seus lares. Redes sociais e aplicativos aceleram os convites, que, devido à demanda, pipocam e desaparecem rapidamente.

Gabriela Maia, 25, confirma isso. No último fim de semana, após um dia estressante no trabalho, a jovem chegou em casa, na zona norte de São Paulo, e resolveu relaxar com o marido. Não rolou, faltava algo. Chamou um casal de vizinhos. Em minutos, todos dividiam a mesma cama.

Moradora da zona sul de São Paulo, ela abriu o relacionamento há dois anos. Tudo começou numa casa de swing, mas hoje a preferência é pelo próprio endereço. “É mais confortável e mais gostoso”, afirma.

O bolso também fica satisfeito. Num sábado, entrar no Inner Club, uma das casas de swing mais badaladas da capital, custa R$ 285 por casal. Em 2023, eram R$ 215 –o que daria cerca de R$ 235, em valores corrigidos pela inflação do período. Outros estabelecimentos acompanharam o aumento. Proprietários dizem ser um ajuste natural, enquanto os usuários culpam o aumento da demanda.

Nessas condições mercadológicas, não dá para ir sempre, diz Gabriela. Então, visando manter a agenda ativa sem sair de casa, ela recorre ao Sexlog, rede social voltada ao troca-troca entre casais.

Abrir o site é como visitar um universo paralelo, relata a mulher. “Sempre têm pessoas próximas, aquelas que você encontra na rua todos os dias e nem imagina.”

Pelos números, a tendência é encontrar cada vez mais rostos familiares por lá. Só na região Sudeste, o Sexlog recebeu 836 mil novos usuários em 2024, 10% a mais do que no ano anterior. O crescimento é puxado pelo interior. A cidade de Parisi, a 533 km da capital e com 3.001 habitantes, teve aumento de 1.400% nos cadastros.

Para Mayumi Sato, diretora da plataforma, o sucesso está em oferecer a possibilidade de as pessoas realizarem o fetiche onde quiserem. Ela considera que o preço não é o único entrave das casas de swing.

Mayumi diz que os empreendimentos pararam no tempo, mantendo tradições e formalidades incompatíveis com a sociedade atual –por exemplo, rechaçando casais LGBTQIA+. “Acho que isso está mudando, mas é pouco a pouco.”

O casal Marina Rotty e Marcio Wolf, 46, avalia que a prática passou por uma revolução.

Em 2011, a dupla falava sobre swing num blog. Eram dos poucos mostrando os rostos para isso. De lá para cá, ganharam muitos colegas de divulgação, observaram a popularização da prática e tabus serem desconstruídos, dizem. Citam como exemplos o mito de que os membros da comunidade fazem sexo com qualquer um –o que, garantem, não é como a prática funciona.

Sabendo melhor como tudo acontece, as pessoas estão mais abertas a experimentar o fetiche, analisa Marina, que é sexóloga.

Ela mesma, por falta de conhecimento, teve receio no início. O casal era evangélico quando deu os primeiros passos no meio liberal. Hoje, até mesmo os filhos sabem da trilha seguida por eles.

Isso não é unanimidade. Há adeptos contrários à exposição, que preferem evitar as casas de swing e fazer a prática nas residências. Sempre houve esses indivíduos, diz Marcio, analista e coach sexual. “Assim, também sempre existiu a troca de casais em festas mais privadas ou ambientes mais controlados”.

O que mudou nos últimos anos, opina, é a facilidade para se conectar e organizar esses eventos com mais agilidade, a qualquer hora e em qualquer lugar.

Para o casal, isso é positivo. “O swing não é uma coisa para ficar presa a um grupo específico de pessoas. É para todos,” diz Marina. “Ele também não está limitado a um endereço. Você pode fazer onde quiser, desde que não seja contra a lei.”