SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O procurador-geral do estado do Texas, Ken Paxton, entrou com um pedido nesta sexta-feira (8) para cassar o mandato 13 deputados democratas que se ausentam do Congresso estadual desde o último domingo (3) com o objetivo de impedir a votação de um novo mapa eleitoral.
Paxton já havia alertado, no dia anterior, que iniciaria o processo de cassação caso não houvesse um número suficiente de democratas até esta sexta. Os republicanos se reuniram na Câmara do Texas por oito minutos e constataram que os opositores ignoraram o prazo dado.
Pouco depois, o procurador iniciou o processo, como havia prometido. Seu gabinete afirmou que a ação foca 13 parlamentares, mesmo que mais de 50 estejam ausentes, porque estes fizeram “declarações públicas incriminatórias sobre sua recusa em retornar”.
Também na quinta, o senador republicano John Cornyn afirmou que o FBI aceitou seu pedido para encontrar os parlamentares democratas. O presidente Donald Trump e seus aliados republicanos buscam aprovação para o plano que redesenha os distritos eleitorais no estado do sul dos Estados Unidos. Com isso, Trump já confirmou que o partido espera obter até cinco cadeiras na Câmara dos Representantes, em Washington, no pleito de 2026.
Os republicanos detêm uma maioria de 219 a 212 na Câmara dos Representantes dos EUA, com três cadeiras ocupadas por democratas vagas após mortes e uma cadeira republicana vaga após a renúncia de um membro. Uma maioria republicana mais forte na Câmara permitiria ao presidente avançar ainda mais em sua agenda.
Com o objetivo de obstruir e impedir a votação, dezenas de congressistas estaduais democratas fugiram para outros estados no domingo (3) se tivessem ficado no Texas, a lei permitiria que a polícia estadual os prendesse e os trouxesse à força para a sede do Legislativo local.
“Algo precisa ser feito”, disse o deputado Briscoe Cain, republicano da região de Houston. Ele se direcionou aos democratas ao falar sobre o governador do estado, Greg Abbott: “Eu não pressionaria o governador. Ele está determinado”, disse. “E não há nada que o possa impedir.” Abbott já havia determinado, na segunda-feira (4), a prisão dos deputados ausentes.
Um funcionário da Casa Branca disse à agência de notícias Reuters que Trump apoia a ameaça de Abbott de retirar os mandatos dos legisladores e quer que “tudo o que for necessário” seja feito para que o novo mapa seja aprovado.
O FBI, citado pelo senador republicano, não se manifestou sobre o assunto. O acionamento de agentes federais pode criar um impasse entre o governo Trump e os líderes de estados onde os democratas ausentes buscaram refúgio, como Illinois.
De qualquer maneira, abandonar o quórum não é um crime que permita às autoridades solicitar extradição dos parlamentares de um estado a outro dos EUA. O governador de Illinois, o democrata J. B. Pritzker, criticou Cornyn e disse que não há base legal para prisões. “Receberei o FBI no estado, mas não haverá detenções. Esses deputados não estão violando nenhuma lei federal”, afirmou. Ele disse também que o senador faz “muito teatro político.”
O paradeiro dos legisladores texanos é amplamente conhecido, mas, pelo menos por ora, eles se consideravam protegidos contra qualquer prisão, já que estavam fora da jurisdição das autoridades do Texas.
Além de agir sobre o plano de redesenhar os distritos eleitorais, o governador Abbott convocou a sessão legislativa extraordinária para tratar do financiamento para prevenção e assistência a enchentes após as inundações repentinas de 4 de julho, que mataram mais de 130 pessoas.
Ao chegar a Chicago na noite de domingo com vários outros legisladores democratas, Gene Wu, presidente da bancada democrata da Câmara do Texas, criticou duramente seus colegas republicanos por impulsionarem o plano de redesenho dos distritos junto a um projeto de lei relacionado às enchentes.
“O governador Abbott usou essa tragédia, sequestrou essas famílias em luto… e as usou como reféns em um jogo político”, disse ele em uma entrevista coletiva, ao lado de Pritzker. Outros legisladores democratas foram para Nova York e Massachusetts, também governados por correligionários.
Wu classificou o plano de redesenho como “racista”, afirmando que ele busca diluir o poder de voto das minorias raciais no estado. “Abbott está fazendo isso em submissão a Donald Trump, para que Donald Trump possa roubar o poder e a voz dessas comunidades”, acrescentou.