SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O colecionador de arte contemporânea Sylvio Perlstein morreu nesta sexta-feira (8) de causas naturais em Paris, aos 94 anos. Ao longo de 50 anos, ele colecionou cerca de mil obras e estabeleceu um relacionamento duradouro com vários artistas, como Sol LeWitt e Man Ray.
A coleção de Perlstein era variada, com obras do dadaísmo, surrealismo, abstração, minimalismo, pop art, fotografia vintage, entre outros. Andy Warhol, Henri Cartier-Bresson, Jean-Michel Basquiat, Josef Albers, Keith Harring, Man Ray, Marcel Duchamp, Nan Goldin, René Magritte, Robert Mapplethorpe, Roy Lichtenstein, Salvador Dalí, Tunga, Vik Muniz e Wassily Kandinsky são apenas alguns dos nomes de sua vasta coleção.
Em uma ocasião, o diretor do Museu Nacional de Arte Moderna no Centre Pompidou, em Paris, escreveu: “Não há absolutamente nenhuma dúvida de que a coleção de arte contemporânea de Sylvio Perlstein é uma das mais refinadas que já encontrei”.
Sobre seu processo de aquisição, o colecionador afirmou que confia em seus instintos e busca coisas esquisitas e fora do comum. “Eu não sei o que é arte. Eu não sei o que é ‘bom’ ou não. Eu passeio. Eu flano. Eu não quero nada em particular. Eu não sei exatamente o que eu fiz. Eu não sei exatamente como tudo começou. Há coisas que me intrigam e me perturbam. Para que algo se ative, é preciso que seja enigmático. E difícil, também. Senão não é interessante. Não é excitante”, afirmou, ao jornal New York Times.
Nascido na Antuérpia, Perlstein se mudou para o Rio de Janeiro aos 5 anos. Ainda adolescente, teria convencido uma florista a vender-lhe uma pintura, o que iniciou seu gosto pela aquisição de obras. Quando adulto, se mudou de volta para a Bélgica, mas viajava muito a Nova York, pois trabalhava na empresa de diamantes americana Harry Winston.
Perlstein se inseriu no mundo da arte, frequentando diversas exposições, galerias e artistas. No fim dos anos 1960, conheceu vários artistas, como Sol LeWitt, Keith Sonnier, Robert Ryman, Brice Marden e Joseph Kosuth, e passou a colecionar obras.
“Lembro-me do Sol LeWitt tirando uns desenhos e colocando-os sobre a cama e me pedindo para escolher. Eles davam os trabalhos, era uma outra época. Com isso, fui tomando gosto e comprava trabalhos sempre que visitava Nova York e estávamos juntos. Eles sabiam que os europeus gostavam mais daquele tipo de arte do que os próprios americanos”, afirmou, em entrevista.
“A Luta Continua”, mostra com centenas de obras dos principais artistas da coleção de Perlstein, já foi exposta em Nova York, em 2018, e em Hong Kong, em 2019. Também foi celebrado em 2014 com “A Inusitada Coleção de Sylvio Persltein”, organizada pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), com cerca de 150 obras.
Perlstein deixa duas filhas, Katia e Laurence.