SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um policial militar foi baleado no pescoço ao tentar prender um homem na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, na tarde desta quinta-feira (7). Ele passou por exames e não corre risco de morrer.

O cabo Johannes Kennedy Santana Lino foi atingido quando tentava prender o homem após uma perseguição policial iniciada na Chácara Santo Antonio, bairro próximo de Paraisópolis.

Segundo a secretaria de Segurança Pública, a PM foi acionada após denúncias de que três criminosos em motos participaram de um arrastão com ao menos nove vítimas.

O policial atingido pertence ao 1º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (Santo Amaro) e iniciou a perseguição após avistar um dos suspeitos na moto. O abordado fugiu e seguiu cerca de 7 quilômetros até a rua Itajubaquara, em Paraisópolis.

Vídeo da abordagem mostra o momento em que o cabo tenta mobilizar o suspeito ao agarrá-lo pelo casaco. Neste momento, um segundo homem aparece e tenta livrá-lo do policial, que aponta a arma para os dois.

Em seguida, o suspeito armado mira a arma no pescoço do policial e dispara. Ele cai ferido no chão. Os dois fogem e um deles pega a arma do PM antes de correr.

O policial foi socorrido pelo helicóptero Águia para o Hospital das Clínicas, onde passou por exames. Ele foi atendido consciente e não corre risco de morrer, segundo a Polícia Militar.

Na sequência, ao menos duas dezenas de policiais ocuparam a favela em busca dos acusados. Segundo a PM, um deles foi identificado, tem 19 anos e estava pilotando uma moto roubada.

O disparo contra o policial causou correria entre os moradores que acompanharam e filmaram a ação. Em vídeo compartilhado entre moradores da favela, uma mulher avisa que um policial militar foi baleado e pede para todos ficarem em casa. “Já é, gente, todo mundo para casa. No papo”, diz. “É marcha, é marcha”, repete.

Em nota, a secretaria de Segurança Pública afirmou que o policiamento na região foi reforçado para prender os envolvidos e recuperar a arma do policial levada durante a ação criminosa.

Há cerca de um mês, dois policiais militares foram presos em flagrante sob acusação de homicídio de Igor de Oliveira Moraes Santos, 24, na mesma favela. O jovem foi morto a tiros quando já estava rendido.

A abordagem foi gravada pelas câmeras corporais dos policiais envolvidos na ação e contrariaram a versão deles sobre o ataque. Em depoimento, um dos policiais omitiu a rendição e afirmou em boletim de ocorrência que o homem sacou a arma que carregava na cintura e que, por isso, efetuou os disparos.

Os policiais presos chegaram a acusar a dona da casa onde o suspeito foi morto de manter a atividade ilícita no local, o que foi negado por ela.

A cuidadora de crianças Andrea Menezes, 42, conta que estava no trabalho quando recebeu a ligação desesperada de sua filha avisando que sua casa tinha sido invadida. Os suspeitos invadiram o imóvel pela janela ao tentarem fugir da abordagem policial.

O caso desencadeou protestos com ruas fechadas, barricadas com fogo, carros tombados e veículos de imprensa destruídos.

Os policiais presos pertencem ao 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (16º BPM/M), que mais deixou mortos em todo o estado de São Paulo ao longo de dez anos.

Quatro policiais militares envolvidos na morte em Paraisópolis foram denunciados pelo Ministério Publico sob acusação de homicídio. Eles agiram por motivo torpe, “deliberando matar o suspeito já rendido e subjugado em ato de desforra e de justiçamento, prevalecendo-se do poder estatal e com o uso indevido da força”, afirmam em denúncia os promotores Estefano Kummer, Enzo Boncompagni e Marcelo de Oliveira, do 4º Tribunal do Júri da Capital.